Heidenheim, o debutante da Bundesliga: a confusão de nomes, o treinador dinástico e a falta de brasileiros

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Em 28 de maio de 2023 algo insano aconteceu na segunda divisão alemã! O Hamburgo ia subindo diretamente com a derrota do Heidenheim, que perdia até os 48 minutos do segundo tempo, mas o time virou a partida nos acréscimos contra o Jahn Regensburg e ainda ficou com o título! De quebra, a torcida do Hamburgo estava comemorando o acesso direto achando impossível uma virada do clube

O clube é um dos Debutantes da Europa na temporada 2023/24. A cidade tem 50 mil habitantes e bateu na trave em algumas oportunidades. Pela estreia, a Revista Série Z traz um especial com curiosidades sobre o único estreante das grandes ligas do Velho Continente.

A confusão histórica

Até chegar a atual denominação “1. FC Heidenheim 1846”, o clube teve uma confusão de identidade e vínculos poliesportivos, que é difícil de entender e para tentar amenizar tudo isso, vamos apostar em uma estrutura de tópicos dessa linha do tempo

  • 1846 – O TSB Heidenheim, clube de ginástica, é fundado
  • 1911 – Um departamento de futebol é criado no TSB
  • 1922 – O futebol se torna independente no TSB e a equipe passa a se chamar VfR 1911 Heidenheim
  • 1936 – O VfR se junta a um clube de natação da cidade e passa a se chamar VfL Heidenheim
  • 1946 – Paralelo a tudo isso, é formado o TSB 1846 Heidenheim, resultado de uma mistura de cinco clubes da cidade
  • 1949 – A fusão do VfR com a equipe de natação é desfeita, mas o time permanece como VfL
  • 1972 – O TSB 1864 e VfL se unem para dar origem ao Heidenheimer SB
  • 2007 – A última fusão resultou no retorno do clube de ginástica com o futebol. Em janeiro deste ano, a situação foi completamente separada e o futebol passou a ser chamado de 1.FC Heidenheim, atual nome, quando estava na quarta divisão. Em 2008/09 subiu para a terceira divisão após anos variando entre terceira, quarta e quinta divisão.

Treinador desde 2007

O que você fez em 2007? Pois bem, Frank Schmidt era jogador do Heidenheimer SB e estava na quarta temporada de clube onde jogou 122 partidas e anotou 22 gols, mesmo sendo defensor. Ao se aposentar, ele assumiu o comando do clube, que estava na primeira temporada como Heidenheim. Desde então, ele nunca saiu do clube! São 16 anos como treinador do clube, algo raro em qualquer parte do mundo, principalmente no alto rendimento. Ele é o grande ídolo da história do clube pelo que foi como jogador e o que é como técnico. Todos os títulos do clube foram conquistados com ele, que tem mais de 500 partidas no comando.

Campeão de três divisões

O Heidenheim pode ser considerado um multicampeão nacional de certa forma, pois foi campeão da segunda, terceira e quarta divisão local. Em 2008/09, primeiro ano da Regionalliga como quarto nível do futebol alemão, a equipe foi campeã da conferência Sul! Foram cinco temporadas bem seguras até conquistar o acesso e título da 3.Liga! Em 2014/15, o time chegava ao ápice da história com a estreia na segunda divisão alemã onde se tornou presença certa. Faltava algo a mais para o acesso, que poderia ter vindo na repescagem de 2020, porém veio na loucura de 2023 como supracitado que garantiu o acesso e título até inesperado.

Festa da torcida no título da Regionalliga 2008/09 (Foto: Thomas Niedermueller/Bongarts/Getty Images)

Retrospecto contra os adversários

A estreia do Heidenheim foi contra um conhecido do clube em Copas da Alemanha, pois por três vezes enfrentou o Wolfsburg na competição. O time completou quatro derrotas em quatro partidas. Em copas ou divisões menores, o clube tem desvantagem (ou empate) contra o Eintracht Frankfurt (um jogo), Monchengladbach (um), Stuttgart (quatro), Bayern Munique (um), Bochum (15), RB Leipzig (6), Freiburg (2) e Colônia (2). Em 2019/20, o time que evitou o acesso do clube foi o Werder Bremen, com quem jogou por seis vezes (duas vitórias, dois empates e duas derrotas).

O time tem vantagem contra o Bayer Leverkusen (um jogo e uma vitória), Union Berlin (12 jogos: seis vitórias, dois empates e quatro derrotas) e o Darmstadt (22 jogos: nove vitórias, sete empates e seis derrotas), clube que enfrentou na segunda, terceira e quarta divisão, ou seja, irá ser dos poucos encontros que aconteceram nos quatro escalões.

Em 2018/19, o Heidenheim provocou uma zebra na Copa da Alemanha, quando eliminou o Bayer Leverkusen, por 2 a 1, nas oitavas de final

Augsburg, Borussia Dortmund, Hoffenheim e Mainz 05 serão confrontos inéditos na história do clube.

Nunca teve brasileiros

Poucos clubes das duas primeiras divisões da Alemanha nunca tiveram brasileiros. Na Bundesliga, o Freiburg, que surpreende, e o Heidenheim ainda não contrataram jogadores daqui para os times principais. No debutante é até compreensível que isso não tenha ocorrido, tanto que nenhum sul-americano defendeu o clube na história. Tendo mais tempo na elite alemã, a expectativa é que o mercado se amplie para os olhos dos dirigentes.

O mascote

Um carismático “ursão” de pelúcia chamado Paule é o mascote do clube, que ganhou esse nome devido a um dono de um ex-patrocinador da equipe.

A perspectiva para a estreia

Entrosamento com a manutenção de uma base de anos comandado pelo mesmo treinador. Alia-se a isso, um time com responsabilidade financeira e com noção do tamanho que tem. Se o rebaixamento vier não será inesperado, mas essas duas características são o ponto forte para permanecer, ou seja, a luta pelo Top-15. O time não perdeu nenhum jogador de destaque da temporada passada, sendo que apenas o zagueiro Tim Siersleben estava emprestado e o clube pagou 500 mil euros ao Wolfsburg pelo passe do jogador.

Os gastos do clube foram bem baixos. Além do supracitado, o time foi no rebaixado Schalke 04 efetuar a compra do centroavante Marvin Pieringer, que estava emprestado ao Paderborn, onde foi artilheiro da equipe. Ele fará sombra para o goleador Tim Kleindienst, que fez 25 gols e sete assistências na temporada passada.

O goleiro Kevin Müller (32 anos) e o lateral-esquerdo Norman Theuerkauf (36) são dois símbolos, pois estão na agremiação desde 2015/16, ano que participou da Segunda Bundesliga pela primeira vez.

Uma resposta para “Heidenheim, o debutante da Bundesliga: a confusão de nomes, o treinador dinástico e a falta de brasileiros”

  1. Bela reportagem, adoro clubes pequenos da Europa e suas histórias

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