por Luís Francisco Prates, jornalista pernambucano e redator do Guia da Série D
A edição 2023/2024 da Primeira Liga de Portugal começa neste final de semana. E, além dos acessos dos tradicionais Moreirense, Farense e Estrela da Amadora, outra novidade desta temporada é uma estatística curiosa. Será a primeira vez, desde o ciclo 1984/1985, que a elite do futebol português não terá nenhuma equipe da Ilha da Madeira nem do Arquipélago dos Açores.
Tal fato estará acontecendo porque os dois representantes insulares da temporada 2022/2023, Marítimo e Santa Clara, respectivamente localizados na Madeira e nos Açores, foram rebaixados. Mesmo tendo chegado à última rodada com chances matemáticas de permanência, o Santa Clara encerrou o campeonato na última colocação, com apenas 22 pontos somados (cinco vitórias, sete empates e 22 derrotas), e amargou a “despromoção”, como dizem lá em Portugal, de forma direta. Já a queda do Marítimo, que acumulou 26 pontos (sete vitórias, cinco empates e 22 derrotas) na liga, teve contornos mais dramáticos: os madeirenses foram superados pela Estrela da Amadora por 3 a 2, nos pênaltis, em pleno Estádio dos Barreiros, após derrota por 2 a 1 no jogo de ida e vitória pelo mesmo placar na segunda partida.

No longo período de 38 anos com equipes das ilhas na primeira divisão, outros dois times marcaram presença: o Nacional da Madeira, que quase caiu para a Terceira Liga em 2022/2023 e reencontrará o arquirrival Marítimo na Segunda Liga nesta temporada, e o extinto União da Madeira. Houve ciclos com três representantes: Marítimo, Nacional e União figuraram no primeiro escalão em 1989/1990, 1990/1991 e 2015/2016, enquanto as edições 2002/2003, 2018/2019 e 2020/2021 tiveram Marítimo, Nacional e Santa Clara à disposição. Os eternos rivais Marítimo e Nacional ficaram juntos, sem as companhias de União e/ou Santa Clara, em 1988/1989, de 2003/2004 a 2014/2015 (tempão, hein?!) e em 2016/2017. Foram poucas as épocas com Marítimo e União rivalizando sozinhos no “Tugão”: 1991/1992, 1993/1994 e 1994/1995. As temporadas que tiveram apenas Santa Clara e Marítimo a serviço das ilhas são 1999/2000, 2001/2002, 2021/2022 e 2022/2023. E o Marítimo foi o único representante em 1992/1993, de 1995/1996 a 1998/1999, em 2000/2001 e em 2017/2018, consagrando-se como o clube mais bem sucedido na era que se findou.

Vejam só: a primeira rodada da Segunda Liga 2023/2024 simplesmente reserva um Dérbi da Madeira. O Marítimo venceu o Nacional, por 2 a 1, na visita ao Estádio da Madeira, que em tempos frios tem tanta neblina quanto o estádio Alfredo Jaconi, de Caxias do Sul, casa do Juventude. Já a caminhada do Santa Clara começará na próxima quarta-feira (16/08), em sua casa, o Estádio de São Miguel, na Ponta Delgada, na Ilha de São Miguel, contra o Torreense, às 14h de Brasília (17h no Horário de Verão dos Açores e 18h no Horário de Verão de Portugal Continental e da Ilha da Madeira).
E aí, será que no próximo ano o Arquipélago dos Açores ou a Ilha da Madeira voltará – ou ambos voltarão – à primeira divisão? Portugal Continental vai aguardar.
Deixe uma resposta