Vânia: uma das brasileiras da Guiné Equatorial no Mundial Feminino de 2011

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Mirian, Bruna, Dulce, Carol Carioca, Cris, Jumária, Tiga e Vânia! Essas foram oito brasileiras que representaram a Guiné Equatorial na Copa do Mundo Feminina de 2011, a única participação da seleção africana em Mundiais. Esse processo de naturalizações sem nenhum vínculo com o país foi dos mais questionados até uma punição para a federação local, que, também, fazia tal prática no masculino.

Desde 1997 jogando futebol, a ala/atacante Vânia teve vários clubes até chegar ao São Caetano/UNIP, em 2010, quando teve a única chance de atuar pela seleção brasileira no Torneio Internacional Cidade de São Paulo, com um jogo feito na campanha de vice-campeonato.

Vânia e Marta atuando juntas no Torneio Internacional
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No ano seguinte, ela, nascida em Embu das Artes, região metropolitana de São Paulo, recebeu um convite inesperado para defender a seleção da Guiné Equatorial. A equipe estava classificada para o Mundial Feminino, ela estava no futebol sul-coreano e viu nessa oportunidade, a chance de antecipar o sonho de disputar uma Copa.

“Um ex-treinador meu, o Marcelo Frigerio, era o técnico e me fez a proposta. Na época jogava na Coreia do Sul. A preparação foi na Alemanha, tivemos total apoio da federação guineana. Não nos faltou nada”, disse a brasileira em entrevista a Revista Série Z #2.

Foram três derrotas na campanha de Copa, mas todos os jogos tiveram um ponto especial. A estreia, obviamente, contra a Noruega, quando perderam por 2 a 0. Na segunda partida, os dois únicos gols equato-guineenses em Copas, quando Genoveva Añonma, maior nome da história do futebol feminino local, aproveitou duas bobeiras da zaga da Austrália na derrota por 3 a 2.

(Foto: Alex Grimm/Getty Images)

A grande expectativa e história das nove brasileiras era para a terceira partida, quando iriam enfrentar o Brasil. Vânia esteve com maior parte daquele elenco no torneio supracitado e, dessa vez, seria rival das companheiras e do país onde nasceu. A derrota foi por 3 a 0 e a ala completou 270 minutos em campo, ou seja, por todo o tempo esteve em campo como titular.

Vânia em confronto individual com Cristiane (Foto: Kevin C. Cox/FIFA/Getty Images)

“Foi difícil escutar o hino. Chorei igual criança, mas depois que começa o jogo tudo muda. Éramos muitas brasileiras com cidadania guineana, nós só queríamos fazer um bom jogo, até porque era nosso primeiro mundial”, afirma Vânia.

Depois disso, Vânia seguiu defendendo as cores vermelha, verde, azul e branco da equipe africana, incluindo o título do Campeonato Africano de 2012, quando o país foi sede. Titular, ela não chegou a fazer gols, mas ajudou o time a ser bicampeão – havia vencido em 2008. Nessas idas e vindas, ela pôde aproveitar o país. “Eu conheço muito bem, sempre que possível entre uma partida e outra, mesmo sendo amistosos estávamos em contato com o povo e a cultura da Guiné Equatorial”. Além das oito brasileiras que participaram do Mundial, a seleção agregou a defensora Drika e a meia Camila Nobre.

O time campeão africano de 2012

Ela ainda jogou o Pré-Olímpico da África em 2015 e o qualificatório da Copa das Nações Africanas de 2016. Vânia se tornou uma das grandes jogadoras do Santa Teresa, da Espanha, onde atuou por quatro temporadas. Entre idas e vindas, foi campeã brasileira em 2013 pelo Centro Olímpico. Se aposentou em 2019, no Badajoz, da Espanha, três anos depois de falar conosco em uma entrevista para a segunda edição da Revista Série Z, onde fala sobre o machismo no esporte, o momento que estava vivendo e as diferenças entre a modalidade no Brasil, Espanha e Coreia do Sul.

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