Água Santa 4×1 Palmeiras: uma visão da partida pelo lado do Netuno

Três vitórias, três empates e cinco derrotas! Essa era a campanha do Água Santa até a 12ª rodada do Campeonato Paulista 2016, ano que debutou na divisão. O bom início com três vitórias em cinco jogos teve um declínio que culminou na demissão do treinador Márcio Ribeiro após tomar 4 a 0 do Novorizontino, o jogo anterior ao mais famoso do clube até a final estadual de 2023.

Naquele ano, o regulamento da competição era “ceifador”, pois seis clubes caíam de divisão, pois a disputa passaria de 20 para 16 clubes. O Netuno convivia com a máxima de uma campanha boa, mas não suficiente para o tanto de rebaixados. Tanto que ao final do certame ficou na primeira posição entre os rebaixados com 16 pontos, um a menos que a Ferroviária que se livrou.

Sem Márcio Ribeiro, o time de Diadema agiu rápido e trouxe o xará Márcio Bittencourt para o ocupar o “boné” de comandante. Nem houve tempo para algum treino. Na base da conversa, o Água Santa chegava ao jogo em Presidente Prudente, dia 27 de março, como o adversário na hora certa para o Palmeiras sair da crise. Cuca tinha três jogos no comando onde perdeu todos. A goleada sofrida em Novo Horizonte e um novo treinador era o suficiente para a fase ruim do Palestra ter dias contados pelo cenário que se avistava. O jogo não mostrou nada disso!

Bittencourt mandou a campo o seguinte time: Dheimison; Pedro, Gustavo Lazaretti, Eli Sabiá e Danilo Tarracha; Russo, Sérgio Manoel, Francisco Alex e Tchô; Bruninho e Everaldo. Foram quatro alterações do time recém-goleado, com as entradas de Pedro, Russo, Francisco Alex e Bruninho. Do lado palmeirense, Cuca mandou a campo Fernando Prass; Lucas, Edu Dracena, Roger Carvalho e Egídio; Thiago Santos, Arouca, Allione e Robinho; Erik e Rafael Marques. Desse time, apenas Edu Dracena foi titular na partida que definiu o título brasileiro contra a Chapecoense ao final do ano.

Quem viu os primeiros 20 minutos da partida, apostaria que o Palmeiras sairia vencedor, pois com dois minutos, Robinho acertou a trave e o time chegava com facilidade pelo lado direito da defesa do Netuno, além de boas cobranças de escanteio. Depois disso, as coisas ficaram mais equilibradas, até que aos 35 minutos, na terceira finalização, o Gigante de Diadema fez. Francisco Alex bateu escanteio e Gustavo Lazaretti cabeceou. Placar aberto e as duas equipes tiveram chances de gol, que chegou em um final de etapa inicial completamente bizarro. Gustavo, autor do tento inicial, fez pênalti em Edu Dracena, que Robinho converteu aos 43 minutos. Um minuto depois, o clube mandante já desempatava a partida após conseguir jogando e pegar um linha defensiva palmeirense inexistente. Everaldo fez! Quatro minutos depois, Bruninho gravou seu nome no imaginário do torcedor do clube paulistano com uma bola na trave, que voltou ao domínio diademense e se aproveitando da “linha burra”, apareceu na frente de Prass, driblou o goleiro e ampliou a vantagem. O gol provocou a ira de um torcedor que imediatamente invadiu o gramado, mas logo foi contido.

Na etapa final, o Palmeiras tentou diminuir o placar, mas sem sucesso. O Água Santa até cedia espaço, mas Dheimisson segurava as finalizações sem perigo. A tarde histórica do Netuno veio com um gol contra para coroar a tarde ensolarada. No escanteio cobrado, Fernando Prass não saiu bem, jogadores postados na primeira não alcançaram a bola, que tocou na cabeça de Roger Carvalho e entrou. Placar final: 4 a 1!

A confiança adquirida com a goleada não foi o bastante para se livrar da queda, que chegou a ter uma goleada sofrida por 7 a 2 para Ponte Preta na penúltima rodada da primeira fase. O Palmeiras terminou a rodada na lanterna no grupo com maior pontuação do campeonato e deu tempo de se recuperar, ficar na liderança e chegar até a semifinal.

Dos 14 jogadores que entraram em campo com a camisa do Água Santa, sete estão aposentados: Gustavo Lazaretti, Danilo Tarracha, Russo, Francisco Alex, Rafael Tavares, Tchô e Éder Louco.

O caso mais peculiar dessa história é do volante Sérgio Manoel. O destaque que teve na equipe do ABC Paulista fez com que ele fosse contratado pela Chapecoense, sendo muito importante durante o ano. Ele enfrentou o próprio Palmeiras no jogo do título nacional. Logo depois, estava no Voo LaMia 2933 e foi uma das vítimas da tragédia aérea que matou 71 pessoas, sendo 19 jogadores da Chape, que viajavam para Medellin para a final da Copa Sul-Americana.

Sérgio Manoel foi o terceiro jogador com mais minutos na campanha de 2016

Os outros seis jogadores continuam atuando, com destaque para o centroavante Everaldo, que joga no Bahia. O goleiro Dheimisson está no Maringá FC, o atacante Bruninho esteve na Caldense na disputa estadual e o lateral-esquerdo Bruno Ré é jogador do Concórdia. Os zagueiros Eli Sabiá e Pedrão jogam fora do país. O primeiro no Jamshedpur, da Índia, e o segundo no Portimonense, de Portugal.

Com seis gols, Everaldo foi o artilheiro do Água Santa no Paulista 2016 (Foto: José Luis Silva/Codigo19/Folhapress)

Desde então, o Água Santa não venceu o Palmeiras nas três partidas seguintes e espera que o tabu seja quebrado na final do Campeonato Paulista, sendo que nem precisa vencer para ser campeão! Os sete anos que separam os jogos nos fazem reviver um dos grandes acontecimentos do futebol alternativo nos últimos dez anos.

Deixe uma resposta

%d