Elogiado por Pelé, fumante pré-jogo e ídolo do Northampton Town: quem foram os jogadores do País de Gales na Copa de 1958?

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Quando o País de Gales entrar em campo no dia 21 de novembro de 2022 contra os Estados Unidos serão completados 64 anos, cinco meses e dois dias da última partida da nação em uma Copa do Mundo, em 19 de junho de 1958, quando o Brasil com gol de Pelé eliminou os britânicos nas quartas de final do Mundial da Suécia.

Desde então, grandes jogadores surgiram, mas faltava o mais importante: um time para ajudar um craque. Gareth Bale é importante, excelente, mesmo em queda, mas não só dele que se faz o atual time, algo que lembra bem o time de 1958 que tinha um craque, mas era rodeado por bons valores.

Mesmo assim, a sorte esteve do lado, pois a equipe ficou na vice-liderança da chave nas Eliminatórias da Europa para a disputa. Uma vaga para a repescagem intercontinental seria resolvida em um sorteio. Sim, um sorteio. Gales foi contemplada com a chance de enfrentar Israel, que chegou ao jogo com uma série de desistências da África e Ásia.

Jimmy Murphy era o treinador da seleção. Ele que comandou o Manchester United simultaneamente. Chamou os 22 jogadores exigidos pela FIFA, com três goleiros. A convocação dele teve jogadores do Cardiff City (cinco) e Swansea Town, atual City (três), com a predominância da liga inglesa e um atuante na Itália. Na época, a dupla galesa já fazia parte da pirâmide do futebol da Inglaterra, o que acabou sendo a primeira convocação de uma seleção sem jogadores da liga local em Copas.

Como dito acima, País de Gales fez parte da trajetória do tricampeonato brasileiro. O gol de Pelé se tornou inesquecível para ele e para a nação britânica. Na autobiografia publicada em 1977 “My Life and the Beautiful Game”, Pelé recordou de vários dos adversários. “Lembro-me muito bem de alguns jogadores galeses que enfrentei; será difícil esquecer [. . .] o excelente jogo de homens como Hopkins, Bowen, Stuart Williams, Sullivan e, principalmente, o goleiro inspirado Jack Kelsey. Essa saga, também, rendeu um livro para os galeses, intitulado “When Pelé Broke Our Hearts: Wales & the 1958 World Cup”, na tradução livre “Quando Pelé partiu nossos corações: País de Gales e Copa do Mundo de 1958”.

Dos 22 jogadores daquele plantel, apenas quatro continuam vivos e a Revista Série Z foi lá atrás para contar resumidamente a história de cada um.

Harrington (que não foi chamado), Williams, John Charles, Kelsey, Hopkins, Ivor Allchurch, Mel Charles (em pé), Medwin, Hewitt, Bowen and Cliff Jones
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Jack Kelsey – cinco jogos

Quando disputou a Copa do Mundo, o goleiro tinha 28 anos e atuava no Arsenal, único clube da carreira. Nos Gunners, se tornou o 30º jogador com mais partidas na história da equipe, onde atuou entre 1949 e 1963. A carreira dele foi interrompida por uma lesão nas costas quando tentou tirar uma bola em uma dividida com o atacante Vavá em um amistoso entre Gales e Brasil.

Stuart Williams – cinco jogos

Ao lado de quatro ingleses, o zagueiro fez parte da primeira convocação de jogadores do West Bromwich para uma Copa. Ele teve 12 anos de clube, o segundo na carreira. Nos anos 1970, teve curta carreira de treinador e se estabeleceu posteriormente como vendedor de pneus e controlador financeiro de uma empresa de transporte.

Mel Hopkins – cinco jogos

O lateral-esquerdo tinha 23 anos e estava na sexta temporada de Tottenham, primeiro clube da carreira. Um ano depois da Suécia 1958, sofreu uma lesão grave no nariz e maxilar superior que o afastou dois anos do futebol.

Derrick Sullivan – quatro jogos

O primeiro jogador do Cardiff City a aparecer aqui é o zagueiro Sullivan, que tinha 27 anos e atuava há 11 anos no clube. Atuou por mais quatro equipes após sair do time e 1961. Foi o primeiro jogador do elenco a falecer, aos 53 anos, em agosto de 1983.

Mel Charles – cinco jogos

Agora é a hora do primeiro do Swansea City aparecer, o polivalente Mel Charles, o 38° jogador com mais partidas pelo clube e o sexto mais jovem do elenco galês em 1958, com 23 anos. Ele foi elogiado por Pelé como um dos principais zagueiros da competição. Atuou em mais seis equipes, incluindo Arsenal e Cardiff City. Mel Charles tem histórias curiosas, como o casamento triplo ao lado de dois companheiros de Swansea e suas respectivas noivas e uma vida financeira complicada no pós-carreira com várias funções, incluindo comerciante de batatas.

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Dave Bowen – cinco jogos

Capitão da seleção em 1958, Dave Bowen é o grande nome da história do Northampton Town, seja como jogador e, principalmente, treinador. Foi o clube que o formou até acertar com o Arsenal, clube que estava quando convocado. Um ano depois do Mundial, ele se aposentou aos 31 anos – detalhe que era o mais velho do elenco. Assumiu o Northampton e conseguiu sair da quarta à primeira divisão inglesa em cinco temporadas, quando disputou a elite em 1965/66, a única na história do clube. Ainda treinou a seleção entre 1964 e 1974.

Terry Medwin – quatro jogos e um gol

O gol mais importante de Gales na única Copa foi dele. Aos 76 minutos da partida desempate contra a Hungria, ele fez o gol da virada que garantiu a vaga nas quartas. Teddy era atleta do Tottenham e esteve na última conquista do Campeonato Inglês do clube em 1960/61. É o primeiro da nossa lista que continua vivo, com 90 anos completados em setembro.

Ron Hewitt – três jogos

Se tornou o nômade do elenco galês ao atuar em 13 clubes diferentes na carreira de 23 anos. Aos 29 anos, era jogador do Cardiff City, quando foi contratado por sete mil libras e foi artilheiros nas duas temporadas de clube.

John Charles – quatro jogos e um gol

Antes de Ian Rush, Mark Hughes, Ryan Giggs e Gareth Bale, o grande jogador de País de Gales foi John Charles, o único convocado para 1958 que atuava fora do Reino Unido, era jogador da Juventus, recém-campeão da Serie A, onde foi artilheiro. Ele fez o primeiro gol galês em Mundiais no empate contra a Hungria na primeira partida. Os últimos sete anos de carreira foram bem alternativos. Entre 1967 e 1971, ele foi jogador e treinador do Hereford United, enquanto entre 1972 e 1974 ocupou as funções de atacante e diretor do Merthyr Tydfil. Ele era irmão de Mel Charles.

Ivor Allchurch – cinco jogos e dois gols

Será que alguém na edição 2022 conseguirá fazer três gols para Gales? Se sim, ele ultrapassará Ivor, que fez dois gols em 1958, ambos contra a Hungria, seja no empate da segunda rodada e o que igualou o jogo desempate. Em duas passagens pelo Swansea City, com 14 anos de atividade, ele se tornou o maior artilheiro do clube com 166 gols. Em 2005, ele ganhou uma estátua em frente ao estádio do alvinegro, oito anos depois da morte dele.

Cliff Jones – cinco gols

Aos 87 anos, Cliff poderá ver o retorno de Gales ao Mundial. O ex-ala faz parte do Hall da Fama do Tottenham, clube que se transferiu logo após o Mundial, após seis anos de Swansea City, aos 23 anos. Participou de todas as partidas. Ao se aposentar, se dedicou a educação sendo professor de educação de física e gerente do time de futebol da Highbury Grove School, além de ter ganhado uma bolsa honorária da Universidade do País de Gales.

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Ken Jones

Segundo goleiro do elenco, Ken atuava no Cardiff City, estava com 22 anos e na primeira temporada no time profissional. Depois da Copa, onde não atuou, acertou com o Scunthorpe United, onde se tornou para muitos, o melhor goleiro da história da equipe.

Graham Vearncombe

O Cardiff teve dois goleiros chamados para a Copa. O segundo foi Graham, que estava no clube desde 1952, mas foi reserva de Jones durante a temporada. Foi uma temporada atípica, tanto que se tornou o quarto goleiro com mais jogos no Cardiff, com 241 partidas.

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Trevor Edwards

O lateral era o segundo mais jovem do elenco em 1958, com 21 anos e cinco meses. Era atleta do Charlton, a primeira Copa com convocados do clube – John Hewie, da Escócia, foi o outro. Depois de jogar no Cardiff City, ele partiu para a Austrália, em 1964, para atuar no Sydney Hakoah (onde foi campeão da Australia Cup em 1965 e 1968), Melita Eagles e Marconi. Ele está vivo, mas não encontramos informações sobre onde reside atualmente.

Colin Baker – um jogo

Sem Sullivan, machucado na estreia, Baker foi titular na partida contra o México, onde quase fez um gol e se lesionou no fim do jogo, ficando fora do restante da campanha. O ala fez toda carreira no Cardiff City, o que o torna o 13º jogador com mais partidas no clube.

Vic Crowe

Pela primeira vez, o Aston Villa teve jogadores chamados para um Mundial, sendo que um deles era o ala Crowe, que não entrou em campo. Com 351 jogos, ocupa a 19ª colocação entre os que mais tiveram jogos pelo clube. Ele se aventurou na NASL, quando defendeu o Atlanta Chiefs entre 1967 e 1969. Um ano depois, se tornou treinador do Aston e, retornou, aos Estados Unidos por duas vezes para comandar o Portland Timbers.

Ken Leek

Os registros de elencos dos Mundiais dão conta que Ken Leek era jogador do Leicester City quando convocado para a Copa de 1958. Porém, ele não jogou no clube antes disso, pois em maio daquele ano, ele foi vendido pelo Northampton Town por 10 mil libras e só estreou em agosto.

Roy Vernon – um jogo

Com 21 anos, o atacante era o mais novo do elenco. Esteve no empate sem gols contra a anfitriã Suécia na última rodada da primeira fase. Era jogador do Blackburn quando chamado, mas foi no Everton que se tornou inesquecível, com os 111 gols feitos, o sexto maior artilheiro, e pela saída “conturbada” do clube. Vernon era costumeiramente visto fumando na entrada para as partidas. Teve três passagens inusitadas: Cape Town City e Hellenic, da África do Sul, e Cleveland Stokers, dos Estados Unidos.

Colin Webster – três jogos

Um problema de saúde fez com que o atacante não estivesse no episódio do desastre aéreo de Munique com o avião que levava o elenco do Manchester United até a cidade alemã. Quatro meses depois, ele pôde estar na Suécia com a seleção, um verdadeiro título para ele, além das duas taças nacionais com os Diabos Vermelhos nos anos 1950, início do processo de elevação do tamanho do clube. Pós-carreira, teve um emprego alternativo: dono de uma empresa de andaimes.

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John Elsworthy

Meia-esquerda, o galês foi o primeiro jogador do Ipswich Town em uma Copa do Mundo. Ele defendeu apenas esse clube, com 16 anos, 396 partidas e 44 gols, onde foi campeão inglês em 1961/62 e ocupa a oitava colocação entre os que mais atuaram pela equipe.

Len Allchurch

É irmão de Ivor e dá para dizer que a família tem uma boa porcentagem na história do Swansea City. Ivor é o maior artilheiro e Len é o sexto com mais partidas, com 502 aparições. Nunca tomou um cartão amarelo em toda a carreira, mesmo que atuasse como ponta. Depois do futebol, foi hoteleiro e administrou um negócio de artigos de couro. Dos jogadores falecidos da campanha, ele é o que morreu há menos tempo, em 1º de novembro de 2016 aos 83 anos.

Thomas George Baker

Tom é dos jogadores daquele elenco que teve uma carreira mais alternativa! Fez história para o Plymouth Argyle, pois foi o primeiro jogador do time verde a ser chamado para uma Copa do Mundo – algo que voltou a ocorrer apenas em 2010 com Rory Fallon, da Nova Zelândia. Não teve tantas chances na seleção após a Copa. É mais um atleta que poderá ver o retorno de Gales ao Mundial.

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