Poucas seleções tiveram uma primeira partida tão importante como o Egito. Ao norte da África, a nação aceitou o convite para disputar o torneio de futebol das Olimpíadas de Antuérpia 1920, onde enfrentou a Itália e perdeu por 2 a 1 no início da história da seleção que teve Aboutrika e Salah. Depois disso, a seleção voltou a disputar as Olimpíadas de Paris 1924 e Amsterdam 1928. Quando a FIFA definiu que a Copa do Mundo de 1930 seria realizada, o Egito não participou por um motivo inusitado: uma tempestade fez com que o navio que levava a Iugoslávia para o Uruguai tivesse a rota alterada sem a presença dos egípcios.
Possivelmente, Mammoud Mokhtar estaria nesse embarque. Ele é a síntese do início da história da seleção do Egito, um ídolo perdido no tempo, mas que carrega um feito consigo: o jogador que mais vezes representou a seleção em Copas/Olimpíadas, com quatro participações.
Nascido em 1905, Mokhtar fez toda carreira no Al-Ahly, onde ficou entre 1922 e 1940, conquistando oito copas nacionais e 11 ligas do Cairo – precursora do campeonato nacional. Com o tempo, ganhou o apelido de El Tetsh, que surgiu em inspiração a um acrobata inglês de nome parecido que chegou a se apresentar. Ele era rápido, baixo e fazia “acrobacias com a bola”, o que culminou nome futebolístico.
Mokhtar El Tetsh disputou as Olimpíadas de 1924 e 1928. Na primeira participação olímpica, ele não entrou em campo. Quatro anos depois, ele brilhou com quatro gols em dois jogos, incluindo um hattrick na goleada contra a Turquia, por 7 a 1. Seis anos depois, ele foi convocado pelo escocês James McCrae para a primeira participação africana em Copas.
O formato do Mundial da Itália era em mata-mata, diferente do atual. Por isso, metade das seleções fez apenas uma partida, incluindo o Egito. O jogo foi contra a Hungria, quando El Tetsh atuou os 90 minutos e foi capitão da seleção. Os europeus abriram 2 a 0, mas Abdulrahman Fawzi empatou com dois gols em oito minutos. Na etapa final, a seleção magiar fez dois e definiu a eliminação da equipe de Mokhtar, que chegou a fazer um gol que parece ter sido “inexplicavelmente anulado”, conforme relato abaixo de Max Gehringer.

Dois anos depois, Mokhtar ainda continuava a servir a seleção nacional e foi convocado para as Olimpíadas de Berlim 1936, quando fez uma partida. Essa participação contou com a presença de mais seis presentes na Itália: o goleiro Mustafa Mansour, o defensor Ibrahim Ahmed Halim e Wagih El Kashef, o meia Mustafa Taha e Mohamed Latif e o atacante Hani Labib Mahmoud. Apenas o defensor Yacout El-Soury esteve na Copa de 1934 e nas Olimpíadas de 1928.
Em 1940, ele encerrou uma carreira inesquecível, com 330 partidas pelo Al-Ahly e 86 pela seleção, marcando 140 gols em 18 anos de futebol. Em fevereiro de 1965, ele morreu aos 59 anos. Logo em seguida, foi homenageado pelo clube que o idolatra que deu o nome do estádio de treinamento para o atacante.

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