Em junho de 2020, a Confederação Africana de Futebol divulgou uma grande novidade: a criação da versão do continental de clubes para o futebol feminino. Em setembro do ano passado, a entidade deu mais detalhes da competição que terá o início da fase final nesta sexta-feira, dia 5, no Egito.
A confederação local tem seis subdivisões continentais: UAFA (Norte), WAFU (Oeste, que é dividida em A e B), UNIFFAC (Centro), CECAFA (Leste) e COSAFA (Sul). Cada zona teve uma disputa entre campeões nacionais, no período de 24 de julho e 9 de setembro, para definir seis representantes, enquanto as duas últimas foram dadas ao campeão nacional do país-sede e ao vice-campeão da zona do país campeão africano de seleções, no caso a WAFU-B, onde fica a Nigéria, que venceu a disputa em 2018. A partir de 2022, a oitava vaga será dada uma vaga extra para a subdivisão do clube campeão da Liga dos Campeões do ano anterior.
A primeira fase teve 32 clubes de diferentes nações que foram divididos dentro desses zonais, que garantiram vagas aos campeões nacionais FAR Rabat (Marrocos | Norte), AS Mandé (Mali | Oeste A), Hasaacas (Gana | Oeste B), Malabo Kings (Guiné Equatorial | Centro), Vihiga Queens (Quênia | Leste) e Mamelodi Sundowns (África do Sul | Sul). A sétima vaga ficou com o Wadi Degla, atual campeão egípcio. Para completar, o River Angels, da Nigéria, é a oitava equipe, pois foi finalista da seletiva do Oeste B.
O grupo A tem a presença do Wadi Degla, AS Mandé, Malabo Kings e Hasaacas, enquanto a segunda chave conta com Vihiga Queens, Mamelodi Sundowns, FAR Rabat e Rivers Angels. Na primeira fase, as equipes se enfrentam em turno único, com os dois melhores avançando as semifinais e depois final, com apenas uma partida em cada fase de mata-mata, também. A competição terminará no dia 19 de novembro.
Grupo A
Sem a participação prévia na competição, por se beneficiar do título nacional do país anfitrião, o Wadi Degla, atual bicampeão nacional e que conta com 12 títulos egípcios no geral, chega com a vantagem de ter o apoio local, mas em um país que não se destaca na modalidade, com apenas duas participações na Copa das Nações Africanas. O Wadi tem um time jovem, com apenas três atletas com mais de 30 anos.

A força do grupo deve ser dividida entre o Hasaacas e Malabo Kings. O primeiro é dono de quatro taças ganesas, o maior campeão local. A equipe chegou até o “título regional” vencendo o Rivers Angels, que provocou uma derrota na equipe na primeira partida, pois estiveram na mesma chave de início. Gana tem tradição na modalidade, com três participações na Copa do Mundo e três vices do continente.

Porém, o lugar de Gana, pelo menos na disputa adulta, vem sendo ocupada pela emergente Guiné Equatorial, que chegou a disputar Copa do Mundo e Olimpíadas – com muitas naturalizações – e é a única seleção que conseguiu vencer a Nigéria na CAN. O Malabo goleou nas duas partidas que precisou disputar para chegar na fase final, o que deve ser uma desvantagem, pois a equipe chegou até a Champions pelo título de 2019, pois o torneio de 2020 foi cancelado devido a pandemia. Por outro lado, é o clube com mais estrangeiras no elenco, tanto que todos os gols na preliminar foram marcados por atletas de fora do país.

Para completar, o AS Mandé representa o Mali. Ao lado do Super Lionnes d’Hamdalaye, o clube domina a modalidade no país, sendo que esta foi a final da edição 2021, com o Mandé vencendo fora de casa para definir mais uma taça, que não era disputada desde 2017, quando foi campeão. As destaques são as atacantes Bassira Touré e Fatoumata Diarra, que fizeram quatro gols, cada.

Grupo B
Por aqui, a briga deve ser polarizada entre Rivers Angels e Mamelodi Sundowns, que devem fazer o grande jogo da primeira fase, dia 9 de novembro. Os dois clubes devem brigar pela liderança, mais do que as duas vagas.
O time nigeriano é um caso de sucesso na modalidade. Focado no futebol feminino, o Rivers Angels revelou boa parte das grandes jogadoras nigerianas, país que venceu 11 das 13 edições da CAN Feminina. Uma das grandes estrelas do futebol feminino mundial atualmente, Asisat Oshoala (Barcelona), teve passagem pela equipe entre 2013 e 2015. O susto que passou na fase anterior não muda o status da equipe de favorita ao título.

Seja no masculino ou no feminino, o Mamelodi Sundowns vem tendo sucesso dentro de campo. O clube é atual campeão sul-africano, o terceiro da história das Brasileiras (apelido do clube) e teve caminho tranquilo (exceto pela semifinal) na fase prévia, com 22 gols marcados e um sofrido em cinco partidas. O elenco conta com jogadoras que estiveram em participações nas Olimpíadas 2012 e no Mundial 2019.

A chave é completada por Vihiga Queens e FAR Rabat, que entram como verdadeiros azarões. O clube queniano é originário do Vihiga United, com poucos resultados expressivos no futebol masculino, mas atual detentor do título nacional feminino nas últimas três vezes que o campeonato foi disputado. Assim como a dupla do Oeste-B, o Vihiga foi outra equipe que perdeu na primeira fase, mas se recuperou. Venceu o CBE, da Etiópia, na final da CECAFA, clube que havia vencido o Vihiga na fase de grupos.

Assim como o Egito, o Marrocos não tem um histórico no futebol feminino local forte, algo comum a toda parte árabe do continente, que nunca chegou nem mesmo a uma semifinal de CAN. O FAR Rabat é o maior vencedor do Campeonato Marroquino, com oito taças, sendo atual hexacampeão local. Fez 14 gols em dois jogos que precisou para sacramentar a vaga, sendo que seis desses foram marcados por Ibtissam Jraidi.

Para saber mais sobre a competição, recomendamos esse episódio do podcast Ponta de Lança, especializado em futebol africano
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