Guia das Quartas da Série D 2020

Chegou a hora mais importante da disputa da Série D: conhecer os quatro campeões da quarta divisão de 2020, os clubes que conseguirão o sonhado acesso. Para essa edição, sete estados serão representados na disputa, algo que ocorreu em seis das 12 edições da competição.

Em 2020, metade dos quadrifinalistas nunca disputaram a Série C. Desses dois, Altos e Aparecidense são as equipes que sempre foram apontadas como favoritas nas nossas edições do Guia da Série D e, finalmente, conquistaram a vaga no jogo do acesso. O Floresta busca repetir os últimos feitos de Atlético Acreano, São José e Manaus que conquistaram o acesso na temporada seguinte a falharem na tentativa de subida.

De São Paulo, Novorizontino (que nunca disputou a Série C) e Mirassol buscam ser a primeira dupla estadual a subirem juntos na Série D, algo que nunca ocorreu na história da divisão. O Marcílio Dias busca ser o quinto raio do futebol catarinense; o Fast Clube busca fortalecer o futebol amazonense com dois representantes na Série C e o América tem a segunda chance em quatro anos de chegar nas semifinais.

Nesse guia, você terá o contexto da partida, o retrospecto de confrontos, a última aparição na Série C, quem está na suplência para as vagas do ano que vem e convidamos jornalistas locais para apontarem os pontos fortes e fracos de cada quadrifinalistas.

Empates recentes ou regulares?

Altos e Marcílio Dias fazem o jogo mais desnivelado em pontos, obviamente, por colocar o primeiro e o oitavo geral das quartas da Série D, com nove pontos separando as equipes. Porém, alguns pontos chamam atenção. Se o Altos tem um ataque bem melhor, com 34 a 19, a defesa marcilista é melhor, com 11 a 19, sendo a segunda melhor dessa fase empatado com o América. O subtítulo desse texto vem com outro aspecto: o Altos tem mais derrotas, 4 a 3, mas só empatou duas partidas, sendo os dois confrontos contra o Salgueiro, o mais difícil até o momento. A equipe catarinense, ao lado do Floresta, é a que mais empatou: oito vezes. O que fará diferença: as vitórias e ataque do Altos ou os empates e defesa do Marcílio Dias?

Retrospecto: as duas equipes nunca se enfrentaram.

Última Série C: o Altos nunca participou da divisão. A última aparição do Marinheiro foi em 2009.

Série D 2021: apenas o Marcílio tem posição garantida para o ano que vem, sendo que se a equipe subir, o Concórdia assume a vaga. O Altos não se classificou.

Os pontos fortes e fracos do Altos, por Felipe Soares, jornalista piauiense e redator do Guia da Série D 2020

Pontos fracos: o Altos segue uma rotina exaustiva de jogos com reta final do Piauiense, Série D e Pré-Copa do Nordeste, que resultam em lesões e bastante cansaço. O Jacaré apresentou espaços na defesa no mata-mata da competição. Referência na parte ofensiva do Altos, Betinho não marca há dois jogos. Com ele, Klenisson apresenta queda após grande primeira fase na Série D. Pontos fortes: Apesar do cansaço, o Altos chegou brigou até o fim pela vaga na final do Piauiense e consquistou a vaga na fase de grupos na Copa do Nordeste. Motivação total! A dupla de volantes Ray e Dos Santos apresenta solidez maior nos últimos jogos. É a segurança necessária para continuar com o futebol ofensivo. Time artilheiro: se o ataque freou a produção de gols, o meio aparece bem.

Os pontos fortes e fracos do Marcílio Dias, por Gioavana de Assis, do Esporte Campeão

O Marcílio Dias possui uma linha defensiva muito forte, com Magrão como referência na zaga, Paulinho na lateral esquerda apoiando o ataque e o goleiro Belliato cuidando do gol. Além disso, um fator importante na equipe de Itajaí é o jogo aéreo e a velocidade nas pontas. Nessa questão, Anderson Ligeiro faz um bom trabalho e alterna os lados para criar situações ofensivas. Porém, o técnico Waguinho trabalha algumas dificuldades da equipe. O Marcílio demora para reagir e geralmente joga mais durante o segundo e essa demora de reação atrapalha no andamento da partida. Além disso, a criação no meio ainda é uma das limitações do Marinheiro.

O duelo mais desequilibrado?

O Novorizontino teve a campanha de primeira fase mais tranquila entre todos os classificados, quando perdeu apenas uma partida. A equipe se caracterizou pelo ataque eficiente, que não goleava, mas vencia jogos, o mais importante. Do lado do Fast Clube, a equipe começou irregular, mas melhorou e se garantiu na segunda fase sem problemas e com um desempenho melhor. Para o mata-mata, fez cinco boas contratações, incluindo Dija Baiano e Régis. No mata-mata, as características mudaram e são mais positivas para o lado do Novorizontino, que fez sete gols nas duas partidas em casa (3 a 0 no FC Cascavel e 4 a 0 no Goiânia), não dando chance alguma para surpresas. Os amazonenses passaram as duas fases na disputa de pênaltis e muito dependentes da dupla supracitada, com o coletivo sendo um pouco prejudicado. O Novorizontino está pronto para as quartas, enquanto o Fast terá que ajustar o coletivo.

Retrospecto: as duas equipes nunca se enfrentaram.

Última Série C: o Novorizontino nunca participou da terceira divisão. O Fast Clube disputou em 2008, última edição antes da reformulação.

Série D 2021: se o Novorizontino subir sozinho, a Ferroviária fica com a vaga em 2021. Se subir junto com o Mirassol, a Inter de Limeira é o segundo suplente. O Fast Clube tem situação indefinida, pois o Amazonense 2020 será finalizado em janeiro e fevereiro de 2021.

Os pontos fortes e fracos do Novorizontino, por Emílio Botta, editor de conteúdo do GE/TV TEM

O Novorizontino chegou às quartas de final muito por conta do planejamento. A manutenção do técnico Roberto Fonseca e boa parte do elenco que disputou o Campeonato Paulista deram consistência para uma temporada atípica do futebol, ainda mais para times que não possuem calendário cheio. Talvez o ponto fraco do Tigre seja a inconstância defensiva. Apesar de contar com goleiro e zagueiros experientes, o time peca por ficar com um setor sobrecarregado por um ataque que cria muito, mas que marca poucos gols. O grande desafio é equilibrar os setores em busca de um acesso tranquilo.

Os pontos fortes e fracos do Fast Clube, por Camila Leonel, do jornal A Crítica

O Fast tem bom volume de jogo, construções de jogadas interessantes e com bons laterais. Porém, a defesa, constantemente, tem apagões. Diminui o ritmo após marcar e toma gols bobos, o que dificulta para matar jogos. E tem poucas opções no banco para gerar variações táticas.

O jogo mais mental

De um lado, uma equipe tradicional que está pela quarta vez seguida na Série D, mas que parece pronta e convencida mentalmente do quanto cada jogo é importante de se entrar focado para chegar ao acesso. Do outro, um clube que quase conquistou o acesso em 2019, perdendo nas quartas, mas que tem boa parte do elenco que estava na quase subida passada e sabe os caminhos da disputa da quarta divisão. Esse é o América x Floresta, o jogo com a mentalidade mais forte dessas quartas de final. A pressão para cima do América é muito maior, obviamente, pela tradição de ser um clube divisionado, com um oponente que não terá problemas com a camisa vermelha. Além disso, esse é o único confronto que se tem um retrospecto e que foi na primeira fase da competição. Juntos no Grupo A3, o América levou vantagem, com uma vitória (2 a 1) e um empate (1 a 1). Seja quem for o ascendente, a vaga estará em boas mãos.

Retrospecto: foram dois jogos, todos em 2020, como supracitado.

Última Série C: o América disputou a última Série C em 2016, o ano mais recente entre os quadrifinalistas. O Floresta busca debutar no escalão.

Série D 2021: se o América subir, a vaga ficará com o alternativo Força e Luz. O Floresta não tem vaga, pois foi rebaixado, e só poderá voltar em 2023…

Os pontos fortes e fracos do América, por Ícaro Carvalho, repórter do Jovem Pan News Natal e Tribuna do Norte

Entre os pontos fortes do América-RN está o poderio ofensivo, em especial com o atacante Wallace Pernambucano, um dos artilheiros da Série D, e a consistência defensiva, com entrosamento entre os atletas e uma das melhores defesas entre os oito classificados. Entre os pontos fracos, quem acompanha os jogos observa oscilações em determinados momentos, o que pode atrapalhar nas próximas decisões.

Os pontos fortes e fracos do América, por Rodrigo Cavalcante, produtor da Dom Bosco FM

Chegar a Série C. Esse era o distante sonho do Floresta no começo da Série D 2020. Mas o time da Vila Manoel Sátiro foi fazendo o impossível se tornar cada vez mais possível. Após ser eliminado pelo Jacuipense nas quartas de final da Série D de 2019, o Verdão promete ter aprendido a lição. O ataque é o ponto forte do time treinado pro Leston Júnior, com 30 gols em 18 partidas. Três jogadores se destacam individualmente na equipe e são responsáveis por 50% dos gols marcados pelo time cearense na competição: os meias Deysinho (seis gols) e Rene (quatro gols); e o atacante Flávio Torres (cinco gols). A grande missão do Floresta será desbancar um dos principais e mais tradicionais times do Nordeste e superar uma das poucas equipes que não venceram na competição.

O confronto de 78 gols

O sorteio para definir quem seria terceiro e quarto colocado geral da Série D 2020 fez com que se colocasse frente a frente, os dois melhores ataques da competição. A Aparecidense tem 41 gols, enquanto o Mirassol tem quatro tentos a menos. O clube goiano vem mantendo uma regularidade desde o início da competição, sendo que o mata-mata deixou claro isso, com duas goleadas, uma em cada etapa. A derrota para o São Luiz deve servir para manter a equipe concentrada, pois perdeu quando “podia”. Do lado do Mirassol, a equipe teve uma campanha tranquila, mas que em alguns momentos deixou o torcedor com o pé atrás. Isso mudou com o mata-mata. Teve dificuldades contra o Caxias, onde passou nos pênaltis, mas fez o placar (pela diferença) mais surpreendente da competição, quando meteu 4 a 0 no Brasiliense. Pelo histórico, a expectativa é de muitos gols e emoção até o fim.

Retrospecto: as duas equipes nunca se enfrentaram.

Última Série C: a Aparecidense nunca participou da terceira divisão. O Mirassol disputou em 2008, última edição antes da reformulação.

Série D 2021: a Aparecidense tem situação indefinida, pois o Goiano 2020 será finalizado em janeiro de 2021. Se o Mirassol subir sozinho, a Ferroviária fica com a vaga em 2021. Se subir junto com o Novorizontino, a Inter de Limeira é o segundo suplente.

Os pontos fortes e fracos da Aparecidense, por Breno Modesto, editor do Futebol de Goyaz e repórter d’O Hoje

Com a dupla Alex Henrique e Albano como grandes destaques da campanha do Camaleão, o experiente time comandado por Thiago Carvalho possui o controle de jogo como um de seus pontos fortes. Tal controle pode ser visto com a manutenção da posse de bola ou com faltas táticas, que não permitem que o adversário “jogue”. Porém, uma certa lentidão em determinados momentos do jogo em seu lado esquerdo é o principal ponto negativo da equipe de Aparecida de Goiânia.

Os pontos fortes e fracos do Mirassol, por Rafael Rossi, jornalista da CBN Grandes Lagos

O Mirassol tem um jeito de jogar e não abre mão, com linhas aproximadas e triangulações. Demorou um pouco para o elenco ‘pegar’ o jeito do que queria o técnico Eduardo Baptista. Mas quando engrenou, ninguém quase conseguiu segurar! A campanha em casa invicta e com muitas goleadas e a eliminação de dois favoritos de camisa (Caxias-RS e Brasiliense-DF) deixam o time com muita moral. Porém, a fraca campanha fora de casa (com apenas uma vitória) e a presença de muitos atletas jovens podem complicar na hora da decisão. Esse é o maior desafio desta jovem equipe.


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