*Atualizado em 7 de julho de 2020, às 22h46
Mesmo antes da paralisação do futebol nacional, todas as primeiras divisões estaduais começaram, incluindo o Campeonato Amapaense, com duas rodadas realizadas. São 268 clubes nas elites regionais de 2020, com uniformes produzidos de diferentes formas: por multinacionais, nacionais e até municipais, até as marcas próprias e sem nenhum logo estampado, tendo que bancar os uniformes usados. Se na Série A é possível ter trocas de camisa entre jogadores, essa não é realidade em muitas equipes.
Esse levantamento mostra a explosão de casos de clubes com marcas próprias, com destaque para o Campeonato Paraense e Baiano por duas características que vamos demonstrar adiante. O Amapá vive o oposto, pois não encontramos nenhuma fornecedora nos uniformes das equipes.
A campeã de equipes uniformizadas com a marca exposta é a Icone, empresa com sede em Vila Velha, Espírito Santo, que tem 19 clubes nas primeiras divisões, um número igual a junção da segunda e terceira colocada, a Umbro e Super Bolla, respectivamente. Ao todo, 82 empresas, sem contar as marcas próprias, produzem as camisas dos clubes que entraram em campo nas competições que demos o recorte.
A explosão de marcas próprias
O primeiro caso de marca própria no futebol brasileiro surgiu em 2016, quando o Paysandu criou a Lobo. Mesmo com a incerteza de sucesso, o clube arriscou e se tornou um caso de sucesso, sendo modelo para outros clubes passarem a comandar a produção das camisas. “Em 2015, recebemos R$ 472 mil de royalties [pela venda de uniformes]. No ano seguinte, tivemos um lucro líquido de R$ 3 milhões”, disse o ex-presidente do clube, Alberto Maia, em 2018, em entrevista à Folha de São Paulo. Desde então, os números de casos cresceram. Atualmente, 44 marcas próprias compõem os fardamentos das equipes brasileiras.
Dentre as marcas, a que mais chama atenção é a do Bahia, a Esquadrão, que ultrapassou as barreiras de Salvador para chegar em Vitória da Conquista, onde estampa as camisas do clube de mesmo nome. É isso mesmo, um clube tem como fornecedor de material esportivo, uma empresa que pertence a outro clube. “A ideia surgiu em uma reunião entre os dirigentes dos clubes. Inicialmente, o motivo da reunião era tratar de assuntos ligados ao futebol, mas, ao final, o presidente Bellintani (do Bahia) foi perguntado sobre a Esquadrão e o assunto surgiu”, afirmou Sérgio Chamadoira, gerente de negócios do Bahia, em janeiro desse ano após fechar a primeira parceria desse tipo na história do futebol brasileiro.

Quando o assunto é campeonato e marcas próprias, nada se compara ao Pará, que tem oito de dez clubes neste tipo de caso. Apenas o Águia de Marabá e Remo não vestem um fardamento em que é dono total das receitas.
Assim, Lobo (Paysandu), Jacaré (Paragominas), Tuba (Bragantino), Japiim (Castanhal), Galo (Independente), Boto (Tapajós), Crocodilo (Itupiranga) e Pica Pau (Carajás) compõem o quadro de fornecedoras de material esportivo do campeonato estadual mais forte do Norte.

Cianorte, Manaus, Marcílio Dias, Coritiba, São Raimundo (AM), Figueirense, Juventude, CSA, Botafogo (PB), Caxias, River, Santa Cruz, Afogados, Sousa, Atlético Goianiense, Bahia, Fast Clube, Criciúma, ASA, Sergipe, Goiás, Iranduba, Fortaleza, Penarol, Náutico, Joinville, Caucaia, CRB, Capital, Gama, Brasil de Pelotas, América Mineiro, Vila Nova, Paraná, Uberlândia e Ceará completam a lista de clubes com marcas próprias e não aparecerão na lista final, pois não vão interferir no topo do ranking.
Os sem fornecedores: o caso Amapaense
No nosso levantamento, não encontramos nenhum registro de fornecedores de material esportivo no Campeonato Amapaense. Macapá, Santana, Santos, São Paulo, Trem e Ypiranga são responsáveis por comprar os uniformes para entrarem em campo.
Não conseguimos identificar e/ou encontrar os responsáveis pelas camisas do Andirá, Nauás, São Francisco (Acre), Guarany de Sobral, Horizonte (Ceará), São Paulo Crystal, Sport Lagoa Seca (Paraíba) e Araguaia (Mato Grosso). Então, caso os clubes citados tenham logos estampados, comente aqui ou nas redes sociais para atualizarmos.
Icone, a marca com mais clubes
Dezesseis fornecedoras de material esportivo têm quatro ou mais clubes com logos estampadas, mas nada supera a Icone, que tem 19 clubes, quase uma Série A ou B de uniformes. A maioria das equipes é do Rio de Janeiro, onde dez das 16 camisas “pertencem” a empresa capixaba: America, Americano, Boavista, Cabofriense, Macaé, Madureira, Nova Iguaçu, Portuguesa, Resende e Volta Redonda. As outras nove camisas estão em oito estados diferentes, como Pará (Águia de Marabá), Paraíba (CSP), Espírito Santo (Desportiva e Rio Branco), Pernambuco (Retrô), São Paulo (Santo André), Roraima (São Raimundo), Maranhão (Pinheiro) e Minas Gerais (Villa Nova).

O domínio da Icone é grande, pois se juntarmos Umbro e Super Bolla que vêm em seguida juntas contam com 19 equipes. A Umbro pode se orgulhar de ser a empresa internacional com mais camisas nas primeiras divisões estaduais. São dez clubes com logo da empresa estampada, o que há dá a posição número 2. O interessante da instituição britânica são as duas equipes fora da Série A e B, o PSTC (PR) e o Nova Mutum (MT), além de Avaí, Chapecoense, Athletico, Santos, Grêmio, Fluminense, Cuiabá e Sport.

Sediada em Goiânia, a Super Bolla já teve um alcance maior em anos anteriores, mas em 2020 tem como foco maior, o próprio estado, com oito times do Campeonato Goiano: Anapolina, Aparecidense, CRAC, Goianésia, Goiânia, Grêmio Anápolis, Iporá e Jaraguá. O Coimbra, do Campeonato Mineiro, é o único fora do estado e que completa nove equipes pelos estaduais. A empresa recentemente trabalha com outras marcas subsidiadas como a Numer, que estampa as camisas de América de Natal e Sampaio Corrêa, o que a fariam ser a segunda com mais clubes.
A quarta colocada no ranking tem sede em Dourados (MS) e tem alcance regional, a Invictus, com oito clubes. São seis clubes no próprio estado (Águia Negra, Aquidauanense, CENA, Corumbaense, Maracaju e Operário) e mais dois no vizinho Mato Grosso (Mixto e Operário).

Na sequência, duas fornecedoras de material esportivo aparecem com seis clubes que produzem o uniforme: a ERK Sport e Vettor. A primeira, sediada em Natal, capital potiguar, domina o campeonato estadual local, com seis clubes dentre os oito participantes, com ABC, ASSU, Força e Luz, Globo, Palmeira e Santa Cruz.
Outra marca capixaba que se destaca nesse levantamento é a Vettor, que faz jus ao Espírito Santo, com quatro fornecimentos (Estrela do Norte, Rio Branco de Venda Nova, Serra e Vitória). Com parceria de anos, o Friburguense continua com a marca nas camisas e, além disso, conta com um clube da Série C, o Tombense.
Fundada em 1986, em São Paulo, a Kanxa tem três clubes no Campeonato Paulista (Novorizontino, Ituano e Mirassol), o que a fazem a com mais clubes na competição. Luverdense e Anápolis, clubes com bom número de torcedores, completam o cenário onde a paulistana expõe a logo.
A Tolledo Sports é de Goiânia, mas estampa apenas uma camisa local, sendo que essa disputa o Campeonato Brasiliense, no caso, o Formosa. Capital, Real Brasília (ambos do DF), União Rondonópolis (MT) e URT (Minas) completam a lista deixando-a com cinco uniformes.

Quem manda em cada estado?
Como deu para perceber até aqui, muitas marcas estão entre as que mais contam com uniformes produzidos por dominarem os próprios estados, como a ERK Sports no Campeonato Potiguar, a Super Bolla no Goiano, a Invictus no Sul-Mato-Grossense, a Vettor no Espírito Santo e a Kanxa em São Paulo. No Pará, o que chama atenção é que as marcas próprias dominam a disputa, com um 8 a 2 no placar, se considerarmos o modelo de negócio, pois por marcas diferentes estão todas empatadas com um, obviamente. A Icone no Campeonato Carioca, a Tolledo Sports no Distrito Federal e a Umbro em Santa Catarina são o ponto fora da curva no nosso levantamento, pois não têm matriz no estado (ou país) onde tem mais camisas fornecidas. Outro caso interessante é no Mato Grosso, onde a Invictus e Umbro, supracitadas, têm duas camisas, cada.
A Criare tem sede em Canoas (RS), mas se destaca no Norte do país. A empresa lidera sozinha no Acre, com três equipes: Atlético Acreano, Galvez e Rio Branco. Em Rondônia, a fábrica gaúcha tem duas equipes (Real Ariquemes e Vilhenense), mas fica empatada com a C&R Estamparia (Barcelona e Pimentense) e a JLobo (Genus e Porto Velho) – que inclusive tem três equipes no Brasil, sendo o Amazonas, a outra que se veste com a marca.

O estado amazonense tem oito clubes e oito marcas diferentes, mas cinco dessas contam marca própria. Como citamos, o Amapá não entra na lista, pois não identificamos os fornecedores das equipes. A Personal Confecções, com Baré e Rio Negro, e a Likos Sports, com Nova Conquista e Sparta, são as líderes nos campeonatos de Roraima e Tocantins, respectivamente.
Sediada em Santana do Ipanema (AL), a Robrac tem metade dos fardamentos do Campeonato Alagoano: CEO, Coruripe, CSE e Jaciobá, sem contar que fora do estado fornece material para o Potiguar de Mossoró. Outros três clubes da disputa contam com marca própria.
No Ceará, duas marcas estão empatadas, sem contar as três equipes com marca própria: a BM9 Sports, com o Atlético Cearense e Ferroviário, e a Lance, que tem o Barbalha e Pacajus. As duas empresas têm sede no próprio estado.
O caso mais inusitado sem dúvida alguma vem do Campeonato Baiano, onde a marca própria do Bahia lidera o ranking de marcas. A Esquadrão é responsável por fazer os uniformes do tricolor e do Vitória da Conquista como citamos acima.
No Pernambuco, a empresa com mais clubes patrocinados é de fora: a Pratic Sport tem sede no Espírito Santo. Salgueiro, Central, Vitória das Tabocas e Afogados usam uniformes da marca capixaba. Três dias depois da publicação desse texto, a empresa fechou com o Moto Club.
O Maranhense tem um líder com sede no próprio estado, mais exatamente em Açailândia, a DG Sports, que é responsável por produzir os uniformes do Imperatriz, Juventude Samas, Maranhão e São José – a marca ainda tem o Tocantinópolis fora do estado. O mesmo ocorre no Sergipe, com a Onza, que fica em Lagarto (SE), que tem quatro camisas no campeonato: América de Pedrinhas, Dorense, Freipaulistano e Lagarto.
Para finalizar, o Piauí tem duas empresas locais empatadas, com dois uniformes, cada: a Raket Sports, com Flamengo e Timon, e a Usocontinuo, que tem o 4 de Julho e Piauí. Na Paraíba e Minas Gerais, todos os uniformes são produzidos por marcas diferentes.
A Karilu é a fornecedora com maior parceria com o Londrina, sem surpresas ainda mais por ter a sede na cidade de mesmo nome. No Paranaense, a marca ainda faz as camisas do Operário e União Beltrão, o que a faz ficar no topo do ranking do estadual. Mas além do Paraná, a marca expandiu os negócios para a Paraíba e São Paulo, onde veste o Treze e o Água Santa, respectivamente.

Quem tem camisas de clubes gaúchos deve ter alguma da Dresch, sediada em São Leopoldo (RS), que é a número 1 da lista de 2020 no Campeonato Gaúcho fardando o Aimoré, da própria cidade, o Novo Hamburgo e o Pelotas.
Quem são as outras?
Agora, você tem a lista das marcas que não citamos até o momento reunidas abaixo.
5 | Kappa (Remo, Atlético Tubarão, Botafogo, Botafogo de Ribeirão Preto e Vitória)
4 | Adidas (Cruzeiro, Flamengo, Internacional e São Paulo) e WA Sport (Bangu, Campinense, Confiança e Itabaiana)
3 | Líder Sport (Brasiliense, Interporto e Luziânia)
2 | Duson (Caldense e Guajará); Nike (Corinthians e Red Bull Bragantino); Score (GAS e Nacional-AM) e Topper (Guarani e Ponte Preta)
1 | 063 Uniformes (Palmas); Adel Serigrafia (Princesa do Solimões); Arte Final (Patrocinense); Artsilk (Atlético Alagoinhas); Astro Sport (Taguatinga); Azulão Malhas (Rondoniense); Bazze (Decisão); Bull’s (Bahia de Feira); Camisaria Martins (Unaí); Casa Esporte (Guaporé); Casa Esportiva (Petrolina); Center Uniformes (Ji-Paraná); Chiroli (Poconé); Clanel (Ypiranga-RS); Deka (Oeste); Diadora (Vasco); Dipolo (União Cacoalense); Draggon Sports (Concórdia); Dubal (Inter de Limeira); Eggos Sports (Cordino); Ellite (Araguacema); Embratex (Brusque); Emie Sports (Humaitá); Estilo (Picos); Galeria dos Esportes (Costa Rica); Go Sports (Altos); GSport (Boa Esporte); Jaclani Esportes (Toledo); Kickball (Tupynambás); King Sports (Atlético Cajazeirense); Kyrios Sport (Pontaporanense); L&V (Perilima); Lado Oposto (Cascavel CR); Lange Sports (Juventus Jaraguá); Le Coq Sportif (Atlético Mineiro); Lupo (Ferroviária); Mallui (Ceilandense); Mar Um (Esportivo); Marchetti (Atlético Itapemirim); Mark (Vasco-AC – nome da marca a ser confirmado); Mega Sports (São José-RS); Meinerz (FC Cascavel); Mizura (Fluminense de Feira); More2 (Sobradinho); MP Sports (Sinop); Murielli (Nacional de Patos); Oceânica Sports (Rio Branco-PR); Oliveira Magazine (Doce Mel); Pantaton (Atlético Roraima); Personalize Sports (Plácido); Petrucci Uniformes (Ceilândia); Pico Sports (Boca Júnior); Planeta Esportes (Comercial-MS); Puma (Palmeiras); Rafisa (Parnahyba); RM Sports (SERC); Seromo (Floresta); Sertão Esportes (Jacobina); Spozer (São Mateus); Tallentus (Murici); Tubarão Sports (Dom Bosco); Tudo Uniformes (Atlético Cerrado); Twin Esportes (Paranoá); Visual (Juazeirense) e Weefe (São Luiz)
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