por Romário Ivo
Antes da paralisação do futebol devido à pandemia do novo coronavírus, a 57ª temporada da 1 ª Bahrein estava sendo extraordinariamente satisfatória para Luiz Fernando, que estava conseguindo asseverar a excelente forma que ele estava obtendo no Brasil em 2019.
Tendo se juntado ao East Riffa Club permanentemente no verão passado, o meio-campista brasileiro Luiz Fernando, de 31 anos, já somava seis gols e cinco assistências em 17 partidas, da Copa do Rei e também nas 11 partidas que ajudaram o seu clube a ter um ótimo desempenho na 1ª Divisão Bareinita.
Mineiro de Carmo da Mata e revelado no gigante Cruzeiro, onde se sagrou campeão da Copa São Paulo de Futebol, e experiente em passagens por Figueirense, América-RN, Villa Nova-GO e entre outros tradicionais emblemas nas quatros divisões nacionais, Luiz Fernando mostra que para ele o tempo não passa e que ainda tem muita lenha para queimar no futebol, principalmente quando as competições em todo este sistema planetário retornarem.
Nós tivemos a oportunidade de fazer algumas perguntas a Luiz Fernando sobre como ele tem realizado a sua carreira, novamente no futebol do Oriente Médio após sete anos.

Começando pela sua transferência para o Bahrein em 2019, como foi esse momento para você e também como foi retornar ao mundo árabe?
A minha transferência foi bem simples e rápida. Um empresário de Belo Horizonte entrou em contato comigo, perguntou da minha situação e do meu interesse, no qual prontamente falei que gostaria muito de retornar ao mundo árabe. Então ele enviou o meu material, eles gostaram e graças a Deus fechamos o contrato!
Desde o verão da última temporada, você está jogando no Bahrein, pequeno país do Oriente Médio que possui uma população em números quase semelhante à Belo Horizonte. Como tem sido a adaptação?
A minha vontade de voltar ao mundo árabe era desde 2015. Então para mim foi algo bacana e tranquilo. Não tive problemas, me adaptei bem, o clube me auxilia em tudo e tenho vivido um momento especial no futebol do Bahrein. Estou feliz e grato a Deus por tudo.
Apesar da eliminação precoce na segunda da fase da última Série D, podemos dizer que a metade do ano de 2019 com a Patrocinense foi muito muito especial para você?
Sim, o ano de 2019 foi um ano bem abençoado para mim, onde fiz inicialmente um campeonato mineiro muito bom com o Villa Nova. Depois na série D pude manter o nível em todos os jogos, sendo artilheiro do time de Patrocínio, que tenho agora um carinho enorme pelas pessoas honestas que comandam o clube.
Retornando e recomeçando pelo seu início de carreira, não podemos deixar passar em branco o seu primeiro clube. Estamos falando do Cruzeiro, que te acolheu e concedeu a oportunidade se tornar um futebolista. Como foi viver todo aquele período no clube celeste?
Chegar em um clube como o Cruzeiro pra mim que vinha do interior foi algo fantástico. A Raposa tem uma estrutura única, tudo de melhor para um atleta, onde cresci como pessoa e profissional. Daquele período só tenho lembranças boas. Ali juntos com meus amigos, fizemos história. O Cruzeiro é um clube gigante!
Você conquistou muitos títulos dentro do clube da Toca da Raposa, mas com certeza um tem um sabor mais do que gratificante ou não?
Sim, fomos muito felizes, ganhamos quase tudo (risos), dentro e fora do país. Mas o que marcou a nossa geração com certeza foi essa Taça São Paulo de 2007, onde vencemos grandes equipes e até hoje somos lembrados por essa conquista.
Como foi ser uma das peças fundamentais do elenco do Cruzeiro que conquistou aquela Copa São Paulo de Futebol Junior no ano de 2007?
Para mim foi algo inexplicável. Até porque tínhamos uma geração de craques e ser o camisa 10 daquela equipe foi uma responsabilidade boa, felizmente tive um bom desempenho e acho que me dei bem (risos).
Ainda tens contato com grande parte dos campeões da Copinha de 2007?
Não com todos., porque depois de muito tempo a galera vai se distanciando. Mas o carinho e a admiração é enorme por todos, sempre falo com o Rafael, Maicon, Marcinho, Afonso, Aldo e por aí vai.
Sendo formado no clube, como tens visto tudo o que aconteceu no rebaixamento e também na difícil e quase irreversível atual situação do Cruzeiro?
Na minha opinião, o elenco que o Cruzeiro tinha ano passado era para brigar pelo título. Mas o futebol é além disso, os bastidores são fortes, tem que todo mundo esta voltado pra o bem do clube (o que infelizmente não aconteceu nas últimas gestões e está sendo divulgado pelo excelente Conselho Gestor agora). Fizeram de tudo pra cair e derrubar o Cruzeiro, e entraram na história do clube negativamente, mesmo ganhando títulos.
Mesmo não estando mais no Cruzeiro, você acredita que a Raposa conseguirá se reerguer num futuro próximo, com o Enderson Moreira que foi o seu treinador em 2007?
Sim, estou sempre na torcida para que o Cruzeiro possa voltar aos trilhos novamente e se possível ainda em 2020. Torço para que tudo de errado seja esclarecido e as pessoas que saquearam o clube paguem pelo que fizeram, porque o Cruzeiro é uma instituição vencedora! O Enderson é um excelente treinador, tive a sorte de ter trabalhado com ele e sem dúvidas ele é o comandante certo para o principal objetivo da Raposa: o retorno ao celeiro de onde o Cruzeiro nunca deveria ter saído. É um ser humano incrível, paizão, um treinador de personalidade forte, estudioso, aprendi e devo muito a ele pelas oportunidades, tem o meu carinho sempre, e com certeza é um que ainda crescerá muito em sua carreira com o Cruzeiro. Tem tudo para ajudar na reconstrução do clube!
Após a sua saída do Cruzeiro, o Luiz Fernando seguiu sendo emprestado a outros clubes e o primeiro deles foi o Ipatinga. Qual as suas maiores recordações daquele momento com o Tigrão de Aço?
Foi um momento marcante pra mim, que antes não tinha a dimensão, mas com 18 anos puder jogar uma série A , jogar contra grandes clubes e jogadores. Com certeza o período que vivi com o Ipatinga ficará marcado na minha memória.
Na sua opinião, o que faltou para que o Ipatinga tivesse um desempenho melhor e mais duradouro como a Chapecoense na Série A do Campeonato Brasileiro?
Tínhamos um grupo bom, com bastante jogadores de qualidade. Mas na Série A a realidade é outra e diferente de tudo o que aconteceu nos anteriores acessos faltou naquela época ganharmos mais alguns jogos fora de casa. Dentro do Ipatingão tínhamos apoio da nossa torcida e era difícil vencer a gente. Infelizmente caímos apenas por três vitórias que deixamos escapar.
Em 2013, com a camisa do Dibba Al Fujairah, você viveu a sua primeira experiência internacional. Podemos dizer que jogar nos Emirados Árabes Unidos foi a maior experiência da sua carreira?
Então, aquela foi uma experiência maravilhosa. E os Emirados Árabes Unidos é um país que pra mim era então desconhecido, mas onde o futebol cresce a cada ano, e foi muito bom, o começo de tudo no mundo árabe, onde me sinto muito a vontade e feliz!
É impossível não falar no principal adversário que toda sociedade vem enfrentando em 2020. Mas como você está vivenciando a luta contra o novo Coronavírus e visto tudo que muitas pessoas infelizmente estão passando diariamente ao perder amigos e familiares para este difícil adversário?
É um momento delicadíssimo que o mundo está vivendo, jamais imaginaria essa situação. Temos que fazer nossa parte, se cada um tomar os devidos cuidados, orientar as pessoas, com certeza esse momento passará. Deus está no controle de tudo, e creio que dias melhores virão.
Diferente da atual situação de colapso que o Brasil infelizmente está vivendo e também enfrentando com as péssimas decisões do atual governo federal e entre outras autoridades que deveriam socorrer e criar alternativas para salvar vidas e não a economia, como o Bahrein, que felizmente registrou um baixíssimo numero de mortes, estava enfrentando essa pandemia antes do seu retorno para casa?
O governo e as autoridades tomaram os cuidados logo no início. Fechando muitos estabelecimentos no país o tempo todo e com uma enorme conscientização das pessoas, fazendo a parte delas e isso contribuiu para que não tivesse muitos casos de mortes. Podemos aprender o Bahrein. Deixando os interesses pessoais de lado num momento sério.
Qual o maior aprendizado que todas as pessoas do mundo podem ter quando tudo isso acabar?
Aproveitar o tempo com pessoas que amamos, deixar a vaidade de lado, ajudar mais o próximo, ser mais paciente, é claro, manter a chama dos nossos corações acesa e voltada para Deus! Porque Ele sabe de todas as coisas.
Você marcou seis gols nesta temporada pelo East Riffa Club, considerando que é o vice-artilheiro na Liga Bareinita, até a paralisação, você alcançou um enorme sucesso. Este seria de certa forma o melhor momento da sua carreira?
Sem dúvidas nenhuma, estou a viver no Bahrein o melhor momento da minha carreira, focado, determinado. Graças a Deus as coisas estão acontecendo, claro que sempre buscando melhorar os meus números e juntamente com a equipe.
Mesmo com pouco tempo no país, você já nota também uma evolução e também uma perspectiva de que brevemente o país alcançará a glória da participação em uma Copa do Mundo?
Com toda certeza, com o trabalho que a comissão portuguesa vem fazendo já estão colhendo os frutos, e não me assusta em curto período estiverem em uma copa do mundo. Estou na torcida por isso.
Há uma data para o retorno do futebol no Bahrein ainda no meio de 2020?
Estou viajando para lá no mês que vem. Infelizmente ainda não sei como vai ser, porque a federação deu um parecer para os clubes que os 7 últimos jogos seriam jogados entre julho e agosto, mas depois não disseram nada, Estou ansioso para recomeçar logo.
Se houvesse um convite para a naturalização, você aceitaria e estaria pronto para defender à Seleção do Bahrein?
Tudo no tempo de Deus. Como te falei que estou bem, feliz e adaptado, caso chegue o convite com certeza aceitaria, mas também sei da burocracia que é e tal!
Participante de quase todas edição da primeira divisão, o East Riffa Club (fundado em 1958) possui um título nacional, conquistado em 1994, e também outros seis títulos locais em sua longeva história. Qual é relação do povo local com o clube e como é a estrutura deste tradicionalíssimo emblema no Bahrein?
É um clube correto, de pessoas sérias, muitos torcedores e bem tradicional no país. Tenho certeza que em pouco tempo vamos estar buscando títulos, porque quando se trabalha sério, honestamente, Deus honra!
Qual é a maior deficiência do futebol no mundo árabe?
Em geral no mundo árabe falta um pouco de intensidade.. Entretanto, isso está mudando. Os clubes estão investindo pesado em jogadores, profissionais e também na melhoria das instalações dos centros de treinamento dos clube e comissões. Ao meu ver estão com uma mentalidade diferente de anos anteriores
Pensas em um retorno imediato ao Brasil por conta do novo Coronavírus?
Como sempre falo, Deus está no controle da minha vida, claro que estou feliz no mundo árabe, mas se Deus abrir uma porta interessante, bacana pra mim no Brasil, pensaria com muito carinho!
Quais são seus objetivos para o futuro?
Claro que sempre pensamos em algo bom para o futuro no futebol e lado familiar, mas o meu presente está sendo bem lindo, interessante e o futuro a Deus pertence!
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