Se você tem acesso a algum aplicativo de resultados esportivos verá que não são apenas as principais ligas esportivas do mundo que estão paradas. O mundo esportivo parou! Porém, há exceções, como trouxemos aqui como o Campeonato Bielorrusso. Na América Central não é apenas o futebol que continuava ativo até a semana passada, mas o beisebol, o basquete e competições de vôlei. Tudo isso na Nicarágua. As coisas passaram a mudar no final de semana, com algumas suspensões, mas o futebol em parte, não.
Até o fechamento desse texto, o país tem quatro casos confirmados, 14 suspeitos e uma morte por Covid-19. O primeiro diagnosticado foi em 18 de março, sendo um homem de 40 anos, com histórico de viagem ao Panamá – país que tem 901 casos confirmados e 17 mortes desde 8 de março.
O número é baixo em relação aos tantos países em que a pandemia chegou, mas desperta preocupação em jogadores, principalmente, os estrangeiros. Em entrevista ao GloboEsporte.com, o meia brasileiro Pedrinho, do Wálter Ferretti, citou a preocupação dos atletas. “Os jogadores estão com muito medo, todos querem que o torneio pare o mais rápido possível”.

O futebol local vive um caso inusitado, pois todos os campeonatos organizados pela Federação Nicaraguense de Futebol foram suspensos, porém, a primeira divisão tem uma liga independente – para vermos o quão o Brasil está atrasado, pois ainda não temos uma liga. Os jogos são disputados com portões fechados, como uma forma de proteger (apenas) o público.
Apenas uma equipe foi contrária a continuidade da liga, o Diriángen, terceiro colocado do Encerramento da Liga Primera, clube que fez o protesto mais incisivo em partidas: jogar com máscara hospitalar. No sábado, dia 21, os jogadores do Diriángen pensaram em cometer um WO, mas decidiram entrar em campo contra o Deportivo Ocotal. Adentraram com máscaras e resolveram jogar com o objeto, mas não aguentaram nem 15 minutos. “Começamos jogando com máscaras, mas só aguentei 10 ou 15 minutos. Tomamos cuidados, mas depois dos gols nos abraçamos para comemorar e não nos demos conta – disse o meia, autor dos dois gols da partida”, afirmou o uruguaio Bernardo Laureiro, em entrevista a CNN Deportes.

Desde esse caso, a Liga Primera teve mais duas rodadas e continuará, pelo que parece. A postura do presidente Daniel Ortega é tão irresponsável quanto a que vemos aqui. Três dias antes do primeiro caso confirmado, ele chamou uma manifestação com milhares de locais. O ato, na capital Manágua, foi denominado “Amor em tempos de Covid-19”, onde os participantes bradavam que não temiam o vírus, pois estavam protegidos por Ortega.
É nesse contexto que os atletas estão submetidos. Segundo o jornal argentino La Nación, os jogadores estão sendo obrigados a jogar, algo que ouviram dos atletas argentinos que atuam no campeonato.
Se a pandemia não impacta da maneira que tem capacidade, a violência é ponto recorrente, com perseguição a opositores. Se o esporte não para em meio a pandemia, foi diferente entre abril e agosto de 2018, quando uma brasileira, Raynéia Gabrielle Lima, que estudava no país foi atingida por balas disparadas por um “grupo de paramilitares”. O país vivia um caos sangrento com a violenta repressão do governo Ortega para manifestantes contrários as ações do mandatário, como a reforma da Previdência Social. Várias competições esportivas foram paralisadas, como a mudança de sede do Mundial Sub-23 de Beisebol, principal esporte do país, e brasileiros que trabalhavam com futebol sendo obrigados a sair do país.
Enquanto não há novidades, oito brasileiros e dezenas de latino-americanos continuam tendo que atuar nos gramados nicaraguenses com o medo do Coronavírus entrar em campo junto com eles.
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