Como seria o Mundial de Clubes de 1987?

Desde 2005, o Mundial de Clubes ganhou formato e continuidade, com os seis campeões continentais (e posteriormente com o campeão nacional do país-sede) se enfrentando em mata-mata, com os clubes da América do Sul e Europa entrando na semifinal. Antes disso, a Oceania teve apenas três edições do campeonato continental, sendo duas com o objetivo de definir o representante no Mundial de Clubes: em 2000 com o South Melbourne e 2001, com o Wollongong Wolves, que disputaria o Mundial daquele ano que acabou sendo cancelado.

Em 1987, foi a primeira vez que o continente reuniu os campeões das federações locais para uma disputa, sendo assim, seria o único ano possível para fazer essa simulação com seis campeões continentais.

Se o Mundial de Clubes tivesse ocorrido há 32 anos, perceberíamos como as coisas mudaram em quatro continentes, como América do Sul e Europa, com times que passam longe do título atualmente. Na Ásia, o clube mudou de nome e não vive tempos áureos de outrora e na Oceania, o time nem poderia disputar a competição atual, pois mudou de confederação. Na Concacaf e África, não é surpresa vermos os campeões daquele ano lutando por títulos do continente.

Aqui você confere um “guia” do Mundial de Clubes de 1987, mas sem simulação, pois isso deixamos para a criatividade de vocês, lembrando que no Intercontinental, o Porto venceu o Peñarol, por 2 a 1.

O time do Mestre Tábarez

Óscar Tábarez tinha 40 anos e estava apenas na sétima temporada como treinador. A Libertadores foi o primeiro grande título da carreira do Mestre em clubes. Comandando um elenco estritamente uruguaio, os Carboneros tiveram uma campanha de oito vitórias, três empates e duas derrotas na Libertadores, quando a conquistaram em três partidas finais contra o América de Cali.

Boa parte da equipe jogava junta desde 1985, quando conquistaram dois títulos nacionais. O goleiro Eduardo Pereira, o zagueiro Eduardo Trasante, o lateral Alfonso Domínguez, os meias Gustavo Matosas, Eduardo da Silva e José Perdomo foram titulares na decisão e foram convocados para a Copa América daquele ano. Outro destaque era Diego Aguirre, com seus 21 anos, e que surgia no futebol local, apesar de não ter disputado nenhuma competição sazonal pela seleção uruguaia como se imaginava.

A campanha na Libertadores

Peñarol 3×2 Progreso (URU)

Alianza Lima 1×0 Peñarol

Colégio San Agustín (PER) 3×1 Peñarol

Progreso 0x0 Peñarol

Peñarol 5×0 Alianza Lima

Peñarol 1×1 Colégio San Agustín

Peñarol 3×0 Independiente

Peñarol 0x0 River Plate

Independiente 2×4 Peñarol

River Plate 1×0 Peñarol

América de Cali 2×0 Peñarol

Peñarol 2×1 América de Cali

Peñarol 1×0 América de Cali

O início do fim da pressão

Os dois títulos e três vices do Benfica na Copa Europeia (atual Champions League) sempre pesavam para o Porto quando participava da competição continental. Para se ter ideia, foi apenas a sexta participação dos Dragões no campeonato. Na época, o formato era diferente do atual, com apenas os campeões classificados e o mata-mata como sistema.

O elenco campeão tinha cinco brasileiros: o zagueiro Celso, titular na final contra o Bayern Munique; o meia Elói e os atacantes Paulo Ricardo, Casagrande (esse mesmo que está pensando) e Juary, o Menino da Vila, que fez o gol do título do Porto. Dos oito portugueses titulares na disputa, sete disputaram a Eurocopa 1984 e/ou Copa do Mundo 1986, com destaque para João Pinto, Antônio André e Paulo Futre. O grande craque era o argelino Rabah Madjer, que fez um gol na final e figura importantíssima na campanha. Quando disputou o Intercontinental, a equipe tinha mudanças em relação a campeã europeia, com a saída de Futre e três dos cinco brasileiros (Celso e Juary permaneceram) e a chegada do zagueiro brasileiro Geraldão e o meia português Rui Barros, que atualmente treina o time B do clube. Em 2004, o Porto conquistou o segundo título e empatou com o Benfica, com 1987 sendo o início para fugir da agonia.

Campanha na Copa Europeia

Porto 9×0 Rabat Ajax (Malta)

Rabat Ajax 0x1 Porto

Vitkovice (Rep. Tcheca) 1×0 Porto

Porto 3×0 Vítkovice

Porto 1×0 Brondby (Dinamarca)

Brondby 1×1 Porto

Porto 2×1 Dinamo Kiev

Dinamo Kiev 1×2 Porto

Porto 2×1 Bayern Munique

O segundo degrau do gigante

Se de fato, o Mundial de Clubes 1987 fosse disputado, a Copa dos Clubes Campeões da África teria que ser reprogramada, pois terminou no dia 18 de dezembro. O formato era bem simples, com jogos eliminatórios em seis fases, sendo que o Al-Ahly foi um dos que entraram na segunda fase. Foram dez partidas na competição, com vitórias nas cinco partidas em casa, onde resolvia sua situação. O único momento de tensão fora de casa foi pelas quartas de final, quando perdeu por 2 a 0 para o Africa Sports, da Costa do Marfim, e teve que reverter a partida no Egito, ao se classificar nos pênaltis. A final foi contra o Al Hilal Omdurman, com empate sem gols no Sudão e vitória por 2 a 0 no Cairo.

A geração que conquistou o segundo título africano do clube foi responsável, também, por levar a seleção para uma Copa do Mundo após 56 anos, com sete jogadores titulares que participaram do Mundial de 1990, com o goleiro Ahmed Shobeir, os defensores Rabien Yassein, Ibrahim Hassan e Ayman Shawky, o meia Osama Orabi e os atacantes Hossam Hassan e Abou Zeid.

A campanha na Copa dos Clubes Campeões da África

Al Ahly 4×0 Panthères Noires (Ruanda)

Panthères Noires 1×1 Al Ahly

Al Ahly 6×0 AFC Leopards (Quênia)

AFC Leopards 2×1 Al Ahly

Africa Sports 2×0 Al Ahly

Al Ahly 2 (4) x (2) 0 Africa Sports

Al Ahly 2×0 Asante Kotoko (Gana)

Asante Kotoko 1×0 Al Ahly

Al-Hilal Omdurman 0x0 Al Ahly

Al Ahly 2×0 Al-Hilal Omdurman

Uma pitada sul-americana

Se atualmente, o México reina na Concachampions com 14 títulos consecutivos, até 1987, a coisa era diferente. Mesmo que os astecas tivessem domínio, pois eram 11 títulos dos outros filiados contra 10 dos mexicanos (sem contar o título dividido de 1978). O país vivia uma seca de três até o América reconquistar a Copa dos Campeões da Concacaf, que não vinha desde 1977. A competição era dividida em conferências: Norte/Central e Caribe. O América passou da primeira fase sem entrar em campo, pois o San Pedro Yugoslavs (EUA) desistiu. Depois disso, venceu o Saprissa e derrotou o conterrâneo Monterrey na final do zonal. Na final, encontrou o Defence Force, de Trinidad & Tobago, campeão da conferência caribenha. Na primeira partida, fora de casa, empate por um gol e na volta, no Azteca, Luna e Antonio Carlos Santos fizeram os gols do segundo título das Águias.

Os destaques do time eram os mundialistas Adrián Chávez, goleiro (1994); e os atacantes Cristóbal Ortega (1978 e 1986), Carlos Hermosillo (1986 e 1994) e Zaguinho (1994), filho do brasileiro Zague, com passagem no Corinthians. Entre os estrangeiros, o talentoso meia peruano Julio César Uribe e o brasileiro Antônio Carlos Santos (ex-Fluminense e Botafogo) fortaleciam o time que também venceu o Mexicano 1987/88, sendo que final continental foi disputada em outubro daquele ano.

Campanha na Copa dos Campeões da Concacaf

Saprissa 2×2 América

América 1×2 Saprissa

América 3×3 Monterrey

Monterrey 0x2 América

Defence Force 1×1 América

América 2×0 Defence Force

Pelos pés de Ruy Ramos e Milton Cruz

A Copa de Clubes da Ásia de 1987 teve 22 clubes que foram divididos em seis grupos que variaram de cinco até duas equipes, como foi o caso do Yomiuri (atual Verdy Tokyo), representante japonês que teve que passar pelo South China, de Hong Kong, em dois jogos para passar de fase. Depois, foi líder do grupo que tinha Federal Territory (Malásia), Kazma (Kuwait) e 1º de Agosto (China). A final tinha o Al-Hilal como adversário, mas nove jogadores foram convocados para a seleção saudita o que fez com que o Yomiuri fosse campeão por WO.

O elenco do time contava com três brasileiros: o meia Edson, que teve mais de dez anos de futebol japonês; o brasileiro naturalizado japonês Ruy Ramos, maior ídolo da história do clube e Milton Cruz, atual treinador que era atacante e fez dois gols na segunda fase da disputa. Foi o maior ano da história do clube, que além do continental, garantiu o título do campeonato e copa nacional.

Campanha na Copa dos Clubes da Ásia

South China 0x1 Yomiuri

Yomiuri 2×0 South China

Yomiuri 2×1 Kazma

Yomiuri  0x1 Federal Territory

Yomiuri 2×0 1° de Agosto

Um campeão obscuro

Em 1986, a National Soccer League, então Campeonato Australiano, o Adelaide City conquistou o primeiro título nacional e de quebra teve o “direito” de disputar o Campeonato de Clubes da Oceania, a primeira edição de um continental da região. Porém, a competição foi bem estranha, pois o Adelaide City fez apenas uma partida para ser campeão. A primeira fase teve seis clubes, onde três passaram e encontraram o Ba, de Fiji, que foi campeão entre esses sete pequenos. A equipe então enfrentou o Mount Wellington University, da Nova Zelândia, e perdeu. A final da Oceania Club Championship foi definida em Adelaide, onde as equipes empataram em um gol e nos pênaltis, os australianos venceram por 4 a 1.

O zagueiro Alex Tobin e o meia Aurelio Vidmar eram os principais destaques do time. O primeiro teve 33 jogos pela seleção australiana, contando a participação nas Olimpíadas 1988 e Copa das Confederações 1997. O segundo é um dos mais talentosos do futebol local, com participação nas Olimpíadas 1996 e duas Copas das Confederações (1997 e 2001), carreira na Europa, com passagem por Suíça, Espanha, Holanda e Bélgica e 26 jogos pela seleção local.

Atualmente, o clube participa da conferência Sul da National Premier Leagues, competição semiprofissional que equivale ao segundo escalão local. Foi campeão em 2016 e 2017 (que depois acabou perdendo no tribunal), mas nas duas últimas temporadas passou por uma crise maior, pois perdeu 18 pontos na temporada passada e nove na edição atual devido a uma violação na forma de pagamento aos atletas da equipe onde se pagou acima do teto permitido.

Campanha na Oceania Club Championship

Adelaide City 1 (4) x (1) 1 Mount Wellington University

2 respostas para “Como seria o Mundial de Clubes de 1987?”

  1. Avatar de Felipe Luchiari Velber
    Felipe Luchiari Velber

    Que matéria espetacular, faz um Guia de como seria o Mundial de 2002, e só pra ficar mais interessante “imaginando” que o São Caetano havia ganhado aquela final contra o Olimpia

    1. Os Participantes seriam, além do Olímpia e do Real Madrid, o Wollongong Wolves (que foi campeão australiano no ano 2000-2001, jogaria e com certeza seria campeão do continental de 2002 que não teve), Suwon Bluewings da Coréia do Sul, Zamalek do Egito e Pachuca do México.

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