Dez clubes alternativos que tiveram convocados pelo Brasil em Copa América

Historicamente, as convocações do Brasil para competições oficiais sempre são dominadas por grandes equipes ou, ao menos, por jogadores renomados que abrem caminhos em outros centros desportivos, como o êxodo para a Itália nos anos 1980 e os jovens com passagem pelo ucraniano Shakhtar Donetsk neste século. Porém, o caminho muitas vezes é mudado em algum momento, mesmo que o contexto da época indique não foi tão estranho, com o tempo passando e tal clube fique perdido na história. São os casos desses dez clubes alternativos que tiveram convocados para uma Copa América. É um retrato pequeno da infinidade de casos deixados de lado, como o Americano, de São Paulo, com duas participações e indo até a Copa América de 1959 (a segunda edição do ano) onde apenas jogadores do trio de ferro de Recife foram chamados.

1916 | Campos Elyseos (SP)

No Campeonato Paulista de 1915, o artilheiro da competição foi meia Facchini, da Associação Atlética Campos Elyseos, com 17 gols. No ano seguinte, a seleção convocou os primeiros jogadores da história para a disputa do Campeonato Sul-Americano, entre eles, Facchini, que estava no grupo, mas não participou de nenhuma partida.

Uma das formações do Campos Elyseos (Reprodução/História do Futebol)

1916 | União Lapa (SP)

O União Lapa Foot-Ball Club foi fundado em 1910 e durou 20 anos no futebol, mas com metade do período divididos em hiatos em que esteve licenciado. Em 1916, a equipe teve a melhor participação no campeonato estadual, quando foi vice-campeã, após o campeonato ser paralisado com várias partidas não realizadas. O destaque daquele time era o meia Martins, que não tem informação alguma a não ser que era jogador do clube da Lapa quando chamado. Ele, também, não participou de nenhuma partida.

O União Lapa voltou ao futebol, mas na várzea em setembro passado. Outra curiosidade é que a equipe foi fundada no mesmo dia que o Corinthians.

1923 | SC Brasil (RJ)

Nilo com a camisa do Botafogo, onde, também, atuou

Neste ano, a seleção brasileira foi composta majoritariamente por jogadores que atuavam no Rio de Janeiro. Dentre Vasco, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Goytacaz, São Cristóvão e Americano, o Sport Club Brasil estava lá, com o atacante Nilo, que fez dois gols na campanha brasileira que terminou na última colocação entre os quatro participantes. O centroavante fez mais de 120 gols pelo clube da Urca. A equipe esteve ativa entre 1914 e 1935, tendo em Nilo, o maior expoente.

1925 | Sírio (SP)

A história do Esporte Clube Sírio é mais ligada ao basquete masculino, onde foi campeão mundial interclubes em 1979, teve oito títulos sul-americanos e sete brasileiros. Porém, o futebol foi o pontapé inicial da história do clube, em 1917. Entre o ano seguinte e 1934, a equipe disputou torneios estaduais. Em 1925, um dos destaques do time era o goleiro Tuffy, na campanha de quinta colocação no Paulista. Ele foi chamado pelo uruguaio Ramón Platero para servir a seleção e participou das três partidas da campanha brasileira. Depois dessa participação, Tuffy jogou no Palestra Itália, Santos e Corinthians, sendo um dos ídolos dos clubes nas primeiras décadas.

Tuffy, um dos primeiros grandes goleiros do futebol nacional

1956 | XV de Jaú (SP)

Na história do Galo da Comarca, as melhores campanhas no Campeonato Paulista foram em 1954 e 1956, quando terminou no sexto lugar. Nas duas campanhas, o atacante Nestor Alves da Silva estava presente. No Campeonato Sul-Americano de 1956, o Brasil não foi bem, mas Nestor participou de três das cinco partidas da campanha. O atacante do clube jauense fez apenas três partidas pela seleção brasileira, justamente nos jogos dessa edição disputada.

Nestor é o segundo da esquerda para a direita

1963 | Comercial (SP)

Marco Antônio e Amauy com a camisa do Comercial (Reprodução/A Gazeta Esportiva Ilustrada)

A tradição do Comercial de Ribeirão Preto foi construída muito pelo que fez entre 1959 e 1986, quando em apenas uma temporada ficou fora da elite estadual. A melhor campanha foi em 1966, com um quarto lugar, mas a que rendeu maiores história foi de três anos antes, quando disputou o Campeonato Paulista com três jogadores de seleção. O defensor Píter, o meia Marco Antônio e o atacante Amaury foram convocados para o Sul-Americano de 1963. Dentre eles, Marco Antônio foi titular em quatro partidas e anotou dois gols. Amaury fez uma partida e Píter não entrou em campo. O feito é uma das grandes conquistas comercialinas.

Foto do time de 1966, com a presença de Píter e Amaury!

1995 e 1997 | Yokohama Flugels (Japão)

Em 1995, a seleção brasileira da Copa América teve um incrível número: seis jogadores convocados atuavam no Japão. O Kashima Antlers e Yokohama Flugels tinham dois, cada, e Jubilo Iwata e Shimizu S-Pulse tiveram um chamado. Nós escolhemos o Flugels por ser o único clube destes que não existem mais, de fato, pois se fundiu com o Marinos e se tornou o Yokohama F-Marinos. César Sampaio e Zinho saíram do campeão nacional Palmeiras no fim de 1994 para encarar uma aventura nipônica que tinha Zico como desbravador. Disputaram a Copa América atuando pelo Flugels. César fez cinco partidas e nenhum gol, enquanto Zinho fez quatro jogos e fez um tento.

Dois anos depois, César Sampaio foi, novamente, convocado para a Copa América atuando pelo clube japonês, onde fez apenas uma aparição. Ele teve a “companhia japonesa” de Dunga que foi capitão do time quando atuava no Jubilo Iwata.

César Sampaio (o terceiro em pé) e Zinho (o terceiro agachado) tinham ainda a companhia de Evair (o último em pé) no Yokohama Flugels

1999 | Lugano (Suíça)

A passagem de Dida pelo clube suíço é como Liechtenstein no meio da Áustria e… Suíça! Um ponto pequeno no meio de duas grandes histórias. Quando acertou com o Milan, ele foi emprestado ao médio clube, onde ficou apenas dois meses. Quando chamado para a Copa América, ele era ligado ao Lugano. Após o continental, ele acertou com o Corinthians, onde criou uma das tantas grandes histórias que teve na carreira.

A camisa do clube alvinegro entre 1997 e 1999

2007 | Heerenveen (Holanda)

Ele virou folclore, mas ganhou a Copa América que muitos craques não conquistaram

A Eredivisie já vivia uma queda em 2006/07, mas como uma das melhores ligas europeias, como até hoje é. Imagine então que o seu clube faz 60 gols no campeonato nacional e 34 foram marcados por apenas uma pessoa. Esse era Afonso Alves, atacante do Heerenveen, quando conquistou a artilharia da liga e foi eleito o melhor jogador da temporada. O rendimento foi a justificativa para ser chamado por Dunga, onde entrou em três partidas e perdeu um pênalti na disputa da semifinal contra o Uruguai, mas ao menos pode dizer que é campeão da Copa América…

2015 | Al-Ahli (Emirados)

Na antepenúltima edição da Copa América, Éverton Ribeiro se tornou o primeiro jogador brasileiro convocado para esta competição atuando nos Emirados Árabes Unidos. Foi o mesmo ano da estreia dos chineses, com Diego Tardelli, do Shandong Luneng. Após dois títulos nacionais, o meia sempre foi cotado na seleção até que ganhou uma chance em 2014, quando ainda atuava pelo Cruzeiro. No ano seguinte, fez parte do elenco da Copa América chamado por Dunga, sendo jogador do Al-Ahli, onde fez duas partidas, incluindo a derrota nos pênaltis para o Paraguai nas quartas de final.

Outros casos

Para não deixar passar, vamos a outros clubes alternativos que tiveram chamados, focando nas equipes e anos: Paysandu-RJ (1916), Andaraí-RJ (1920 e 1921), Brasil de Pelotas (1920), Pelotas (1922), Goytacaz (1923), Millonarios-COL (1963), Caldense (1975), Botafogo de Ribeirão Preto (1987), Newcastle (1987), Montpellier (1987), Lecce-ITA (1991), Juventude (2001), Kashiwa Reysol-JAP (2004), Shandong Luneng-CHN (2015 e 2016) e Guangzhou Evergrande-CHN (2016).

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