Vou ao estádio! Pelas mulheres! | Crônicas do Cinco Mil FC

Texto que compôs a Revista Série Z #6, que pode ser lida abaixo

Como é bom, o futebol, seja por quem for disputado. Depois de vibrar com as conquistas históricas e estabilização da equipe masculina, a diretoria do Cinco Mil FC (leia mais sobre nosso clube) resolveu criar um time feminino. De início, vamos para a disputa do Estadual com um elenco “regional”, mas com uma jogadora veterana com passagem pela seleção brasileira. É nela, que se foca toda a “publicidade” do time para chamar o público. Ela joga no meio-campo, teve anos de seleção, mesmo que em momentos tenha alternado a titularidade e a reserva. Toda vez que ela tinha um tempinho quando jogava fora, ela vinha ao estado para ver os dela.

Contudo, a minha animação se transforma em vergonha ao ver tantos comentários descabidos por parte dos cincomilistas. O primeiro que mais incomoda é: “Para quê time feminino? É ruim, chato. Temos que investir no futebol de verdade”. Tamanha ignorância, pois primeiramente, o nosso time masculino começou na divisão inferior, com jogos com qualidade técnica baixa, mas estávamos lá, era a nossa camisa, nossa cidade. Não dá para entender alguém que vivencie as divisões baixas do futebol falando que o “jogo feminino é ruim”. Eu gosto de futebol, independente de quem esteja em campo, e isso derruba o tal “futebol de verdade”! Futebol de verdade é aquele que tem 11 pessoas enfrentando o mesmo número de atletas do outro lado.

O primeiro jogo é um amistoso contra uma equipe do estado vizinho que tem mais experiência, incluindo boas campanhas em competições nacionais. Como era esperado: perdemos. O placar nem foi tão elástico. A falta de entrosamento pesou, mas saímos com bons prognósticos dentro de campo, mas fora dele, as palavras descabidas continuavam. Algo que percebi desde que passei a acompanhar a seleção feminina é que as críticas ao futebol das mulheres são sempre maior e com um preconceito velado totalmente ridículo. Se você é contrário a alguma crítica feita por alguém, logo a réplica é aquele velho clichê: “Mas não pode falar nada sobre elas que já aparece vocês. Parece que elas são sagradas”. Não, elas não são sagradas, mas a crítica é totalmente errada quando se esquece do contexto do futebol feminino. Porém, ao falar isso, outra falácia aparece. Veja bem, eu sou um apoiador do futebol feminino, então eu digo que ele merece apoio, visibilidade e profissionalismo. Daí, um jogo do outro lado do país na tarde de um dia útil não tem torcida e a culpa disso é minha? Ora bolas, vocês querem que eu pegue um avião para todas as cidades que tenham partidas! Podemos criticar? Sim! E devemos, mas em questões pontuais, como a inércia do treinador que insiste em um esquema que não dá certo (um abraço, Vadão), lembrando que no caso do Cinco Mil FC era o primeiro jogo.

É triste ver que parte da torcida do Cinco Mil FC é composta não por torcedores, mas por “ganhadores”, que não veem na equipe a representação da cidade, a luta pelo futebol feminino e a oportunidade de irmos mais vezes aos estádios. O que importa: é vencer, ganhar, entretanto, o verbo apoiar é inexistente no vocabulário de alguns.

Estamos prestes a iniciar nossa primeira competição oficial, com um planejamento que tem como foco, participações nacionais e o sonho internacional. Eu não sei o que vai acontecer, mas só sei que eu estarei lá, pelo Cinco Mil FC, pela minha cidade, pelo futebol feminino e pelas mulheres!

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