Os encontros alternativos em quartas de Copa do Mundo

As quartas de final de uma Copa do Mundo reúnem, historicamente, as seleções que no decorrer dos anos se garantiram como as grandes forças mundiais. Com oito equipes nacionais nessa fase, sempre há espaço para uma surpresa, ainda mais que o Mundial é uma competição à parte, com uma importância imensa e disputa em curto período.

Porém, a Copa do Mundo possui partidas dessa fase que são bem alternativas para os contextos da época ou atual. A Revista Série Z reuniu cinco encontros desse tipo nas quartas de final de Copa do Mundo, que podem ser comparados com o Croácia x Rússia que teremos em 2018.

1938 – Suécia 8 x 0 Cuba

Era a segunda Copa da Suécia na história, enquanto os cubanos debutavam na competição em uma vaga que sobrou com desistências e pela regularidade com a ficha de inscrição a cada jogo.

As quartas de final da França 1938 significavam a segunda fase, pois o torneio era disputado em mata-mata. A Suécia não entrou em campo na primeira fase, devido ao não comparecimento da Áustria no Gerland, em Lyon, em um momento que jogadores locais se juntaram a Alemanha. Cuba fez história ao eliminar a Romênia de maneira surpreendente, com um empate em 3 a 3 e no jogo forçado para desempatar, Cuba fez 2 a 1, com gols de Socorro e Tomas.

No encontro alternativo, os escandinavos chegaram sem partidas e os caribenhos iriam para o terceiro cotejo. O cansaço bateu. Cuba perdeu um jogador no fim da etapa inicial: Bolero saiu de campo machucado e não havia substituição na época. Nos dez minutos finais, os suecos fizeram os quatro gols derradeiros.

1954 – Áustria 7 x 5 Suíça

A anfitriã Suíça sempre marcava presença em Copas, enquanto os austríacos estavam na segunda disputa após um quarto lugar em 1934 quando tinha a lenda Sindelar. O contexto não era tão alternativo, mas o que aconteceu nas quartas de final beira a insanidade e foi algo muito inusitado, com 12 gols, a partida com maior número de tentos nas histórias de Copas.

A Suíça até o 7 a 1 do Brasil em 2014, era a única seleção sede que havia tomado sete gols em Copas. Uma estatística alternativa, mas verdadeira.

O que impressiona mais é que a Suíça abriu 3 a 0 nos 23 minutos iniciais, entretanto, a Áustria fez cinco gols entre os 25 e 34 minutos, algo surreal. Do 5 a 3 adiante, os times trocaram gols com os visitantes sempre mantendo os dois gols de vantagem sem grandes sustos.

1966 – Portugal 5 x 3 Coreia do Norte

Dentre as 16 seleções da Inglaterra 1966, apenas duas estreavam: Portugal e Coreia do Norte. Os lusos tinham Eusébio como destaque e a promessa de rivalizar com Pelé. Já a Coreia do Norte tinha o fator “desconhecimento dos adversários” como algo positivo.

Portugal passou em primeiro no grupo 3 com três vitórias (Brasil, Hungria e Bulgária). A Coreia do Norte surpreendeu o “mundo” ao vencer a Itália, por 1 a 0, com gol de Pak Doo Ik, na última rodada da quarta chave, e garantindo a uma seleção asiática o primeiro avanço de fase em Mundiais.

No dia 23 de julho, no Goodison Park, em Liverpool, a Coreia do Norte abriu 3 a 0, com um gol no primeiro minuto da partida. Mas Eusébio resolveu jogar! Fez quatro gols entre os 27 e 60 minutos de partida. José Augusto fechou o placar aos 35 minutos da etapa final para evitar uma zebra maior do que a Coreia do Norte já havia marcado.

1994 – Suécia 2 x 2 Romênia

Quarto-finalista em 2018, a Suécia novamente está na lista. Em 1994, a seleção já era considerada grande pelo histórico que tinha, mas um confronto com a Romênia de Hagi não pode ser passado.

A Suécia tinha a base do IFK Goteborg, com sete jogadores, que sempre figurava nas competições europeias, com direito a dois títulos da Copa UEFA nos anos 1980. A Romênia se ancorava em Hagi, mas também em Petrescu, Răducioiu e Popescu.

A Romênia foi líder do grupo da anfitriã EUA, Colômbia e Suíça, enquanto os escandinavos ficaram em segundo na chave do Brasil. Nas oitavas, a Suécia passou pela Arábia Saudita e a Romênia eliminou a Argentina que vivia o “caos Maradona”.

Nas quartas, equilíbrio! No tempo regulamentar, empate por um gol, com Brolin e Răducioiu. Na prorrogação, Raducioiu colocou os romenos na frente, mas Kennet Andersson colocou a igualdade no placar. Nos pênaltis, seis cobranças de cada lado e vitória sueca. Hagi não teve a chance de estar na mesma fase que Hristo Stoichkov que seria seu companheiro de Barcelona pós-Copa.

2002 – Senegal 0 x 1 Turquia

O confronto mais alternativo que uma quarta de final já teve. De um lado, os africanos que assombraram o mundo desde o primeiro jogo da Coreia/Japão 2002 com a vitória sobre a França, então detentora do título, na primeira participação da seleção. Do outro, a seleção de um país fanático por futebol, mas que estava apenas na segunda participação e endureceu as duas partidas contra o Brasil no caminho do pentacampeonato.

Nas oitavas, Senegal e Turquia tiveram confrontos difíceis com Suécia (2×1) e Japão (1×0), respectivamente. O encontro entre as duas equipes ocorreu em 22 de junho, em Osaka. Em um jogo tenso e equilibrado, o tempo regulamentar terminou sem gols. A prorrogação veio! Foi a última Copa do Mundo com gol de ouro e para tristeza dos senegaleses, eles sofreram esse gol. Aos 4’2°T, İlhan Mansız fez o tento turco que garantiu a histórica vaga às semifinais.

Na nossa primeira edição da Revista Série Z, o João Vitor Poppi fez uma análise tática desse jogo, que você pode conferir abaixo.

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