*Publicado originalmente em 11 de janeiro de 2016
Em 1949, o mundo ainda apresentava resquícios da Segunda Guerra Mundial, com países em reconstrução e sanções internacionais impostas a países como Alemanha e Japão, o que influenciou o futebol e a primeira Copa pós-guerra, o Mundial de 1950. Porém, nesse ano, 32 seleções se mostraram dispostas a começar o caminho rumo ao Brasil, considerado um local seguro para a realização da competição.
Brasil, sede, e Itália, então última campeã mundial se classificaram diretamente, sendo que os dirigentes e atletas da Azzurra aceitaram após uma longa negociação para convencê-los, pois o país se reconstruía.
As 32 seleções foram divididas em 10 grupos regionais, de onde sairiam 14 equipes classificadas para o Mundial, mas não foi isso que aconteceu, pois apenas 11 seleções finalizaram o caminho rumo ao Brasil nas Eliminatórias marcadas por inúmeras desistências.
A Europa tinha direito a sete vagas e as seleções foram divididas nos seis primeiros grupos.
A British Home Championship 1949/50, torneio que reunia as seleções britânicas, foi utilizada como qualificatório e foi chamado de grupo 1. A Inglaterra foi líder (campeão da Home) do grupo, com três vitórias e se classificou para a competição. A Escócia ficou em segundo e garantiu a vaga, mas desistiu posteriormente. A FIFA decidiu não chamar País de Gales ou a Irlanda (seleção que reunia jogadores da Irlanda do Norte e Irlanda), que terminaram empatadas com um ponto.
No grupo 2, a Turquia que derrotou a Síria, por 7 a 0, teria o direito de enfrentar a Áustria, mas o adversário desistiu. A vaga foi repassada aos turcos que a rejeitaram. A FIFA resolveu convidar Portugal, que havia sido eliminada pela Espanha no grupo 6 (5×1 e 2×2), mas também não aceitou a vaga.
Na terceira chave, Israel e Iugoslávia se enfrentaram em duas partidas, com duas goleadas iugoslavas, que garantiu a chance de enfrentar a França pela vaga na Copa. Nas duas primeiras partidas, empate por 1 a 1. Um jogo desempate foi marcado e com gol de Željko Čajkovski na prorrogação, a Iugoslávia ficou com a vaga. Os franceses foram convidados e comum que se tornou, desistiram da Copa.
A Suíça passou tranquila por Luxemburgo na fase preliminar do grupo 4, que garantiu vaga para enfrentar na decisão, a Bélgica, que nem entrou em campo e deu a vaga direta para os suíços.
Suécia, Irlanda e Finlândia formavam a quinta chave. Os suecos se classificaram sem problemas, após três vitórias e nenhuma derrota, isso porque a Finlândia desistiu antes da última partida. A Irlanda fez três pontos e foi convidada a participar do Mundial de 50, mas recusou.
Os grupos 7 e 8 eram destinados a América do Sul, que teve direito a quatro vagas, com sete seleções na disputa. Antes mesmo de entrarem em campo, três seleções desistiram das eliminatórias. A Argentina que, para muitos historiadores, teve a melhor seleção na década de 1940 desistiu da fase qualificatória e Chile e Bolívia (as equipes chegaram a se enfrentar por duas vezes, mas os jogos não foram considerados oficiais) ficaram com as vagas. No “grupo 8”, Peru e Equador desistiram da disputa e Uruguai e Paraguai rumaram ao Brasil.
México, Estados Unidos e Cuba fizeram parte do grupo da América do Norte, Central e Caribe. A disputa foi em turno e returno e os dois primeiros se classificaram. O grupo foi o único sem desistências naquelas Eliminatórias. A seleção mexicana ganhou os quatro jogos e ficou em primeiro, seguido pelos EUA, que fizeram três pontos, dois a mais que Cuba.

O último grupo é responsável por um mito. A Índia se classificou diretamente após a Birmânia, Indonésia e Filipinas desistirem das Eliminatórias, mas foram proibidos, pois jogavam com os pés descalços, o que não era permitido pela FIFA, mas que se trata de um conto, pois a real razão era a falta de conhecimento dos indianos na época, como bem explica um texto de 2010 do Última Divisão, assinado por Emanuel Colombari.

Ao fim de tudo isso, 14 seleções que tiveram a chance da disputa não se classificaram por desistência, rejeição ou falta de informação. A Copa do Mundo de 1950 foi disputada por 13 seleções, três a menos que o reservado para a competição, que teve a vitória dos EUA sobre a Inglaterra como grande zebra e claro, a final que marcou jogadores brasileiros, que puderam descansar em paz, 64 anos depois.
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