Operário, Comercial, Corumbaense, CENE e tantos outros. O futebol sul-mato-grossense tem história, inclusive, recente. Foi isso que inquietou o jornalista Hélder Rafael, porto-alegrense, que há 12 anos mora e atua como jornalista no estado do Centro-Oeste brasileiro. Hoje, editor e repórter do Globo Esporte (TV Morena), o gaúcho conseguiu passar para o papel tudo que viu no futebol local, assim, nasceu o “Almanaque do Futebol Sul-Mato-Grossense”, uma experiência bibliográfica inédita no esporte local, que será lançado nesta sexta-feira, dia 7, na Livraria Leparole, em Campo Grande, a partir das 18 horas, com entrada gratuita. Nós conversamos com Hélder, para falar sobre as 122 páginas do almanaque de mais uma obra voltada ao futebol alternativo.
Qual a sua relação com o futebol estadual?
Sou porto-alegrense e vim morar em Mato Grosso do Sul já adulto. Não tenho memórias de infância do futebol local, mas desde pequeno sempre fui apaixonado por futebol e pela sua cultura. Devido à minha profissão, acabei me aproximando do futebol estadual e conhecendo mais a fundo sua história.

Quando surgiu a ideia do “Almanaque do Futebol Sul-Mato-Grossense”?
Eu tenho por hábito sistematizar todos os dados dos jogos do Campeonato Sul-Mato-Grossense: data, local da partida, autores dos gols etc. Isso me serve para produzir estatísticas e reportagens que contextualizem um dado confronto entre nossos times. A partir daí tive a iniciativa de escrever um livro. A primeira vez que coloquei a ideia no papel foi em 2014, mas não consegui dar sequência à execução do projeto. No segundo semestre de 2016, retomei as pesquisas e consegui concluir a obra. Problemas de ordem editorial acabaram atrasando a publicação, então resolvi aguardar o término do Sul-Mato-Grossense 2017 para fazer as devidas atualizações.
Quais foram as dificuldades na pesquisa? Há uma bibliografia consistente sobre o futebol local?
O futebol de Mato Grosso do Sul é carente e precisa de apoio para crescer e fazer frente a outros estados. Isso se reflete também na cobertura jornalística. Existem poucas e imprecisas referências de pesquisa sobre o assunto. Livros então, mais raros ainda. Creio que a abordagem do meu livro é inédita nesse sentido.
Qual o foco que o livro tem? Qual é o formato (entrevistas, fichas, tudo misturado)? Será uma referência desde os primórdios ou ênfase na história recente?
O livro tem um recorte muito claro: a história recente do futebol estadual. Reúno todos os dados das últimas oito temporadas: 2010 a 2017. Mas também faço um preâmbulo contando a história do surgimento do nosso futebol. Também dedico uma seção para contar a história recente dos principais clubes, com ficha completa: títulos, endereço, presidente, ranking, etc. A forma de apresentação do conteúdo é bem leve e diversificada, por isso o nome de “almanaque”. É para ser consultado a toda hora por quem se interessa pelo futebol sul-mato-grossense e busca informações confiáveis.
Que história mais te surpreendeu durante o projeto?
Passear pela fase amadora do futebol em nossa região me surpreendeu. Conhecer aquelas histórias que se iniciaram na primeira década do Século XX me ajudaram a compreender que o futebol praticado aqui tem força sim, e é capaz de mexer com o coração do torcedor. Só que isso se perdeu ao longo do tempo, e o torcedor não se importa mais tanto com o futebol sul-mato-grossense. A grande maioria prefere torcer para times de grandes centros, como São Paulo, Flamengo, Corinthians etc. Aliás, como gaúcho que sou, isso para mim é totalmente inaceitável. Torço para o Grêmio porque tenho vínculos com o clube da Azenha. Fui incontáveis vezes ao Olímpico, compartilhei a paixão pelo Tricolor com meus pares. Não consigo conceber alguém que torça por um Corinthians da vida vivendo a mais de 1000 km da sede do clube.
Qual seu objetivo com o Almanaque?
Espero que o Almanaque seja uma contribuição relevante para colegas jornalistas e cronistas esportivos, e também dirigentes e fãs do futebol local. Que seja uma fonte de consulta rápida e confiável. E que possa ser mais um elo da corrente que tenta, há alguns anos, reerguer nosso futebol tanto em cenário estadual como nacional.
Você vislumbra um futuro melhor para o futebol local?
É o que eu vislumbro todos os dias quando cubro o futebol local, tanto no Estadual como nas competições regionais e nacionais que disputamos, como Copa São Paulo, Copa Verde, Copa do Brasil, Série D do Brasileirão. Acredito que esse futuro melhor só virá com trabalho sério de gente qualificada nos clubes e com dinheiro, pois futebol não se faz mais apenas com amor a uma causa, como se via antigamente no Brasil.
No livro teremos a oportunidade de entender o que aconteceu com o futebol do Mato Grosso do Sul, que teve representante em semifinal de Brasileirão, até o ponto atual, sem equipes nas três primeiras divisões?
Sim, pois documentei a participação dos nossos clubes nas Séries A, B, C e D do Brasileirão (e seus equivalentes ao longo da história). Apresento todos os jogos desde 1973 – ano em que disputamos um Nacional pela primeira vez – e faço uma análise minuciosa de cada fase que vivemos. O livro encerra com questionamentos que todos nós ligados ao futebol – torcedores, patrocinadores, dirigentes, enfim – devemos fazer para compreender o que nos levou até o quadro atual e o que devemos fazer para sair de onde estamos.
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