O futebol de Maringá, norte paranaense, durante boa parte de sua história se viu envolto em idas e vindas. Não é diferente, com o Grêmio Maringá, um nome que perpetua no esporte local desde os anos 1960, seja com presidentes e pessoas jurídicas diferentes, mas com denominação forte no inconsciente do torcedor, pois foi com esta que a cidade conquistou três campeonatos estaduais, sendo assim, continua com torcedores fiéis.
No começo de 2002, o Grêmio Maringá tinha novo mandatário (ou dono), Aurélio Almeida (AA), que assumia como “homem forte”, mas que com o passar dos anos criou traumas para o torcedor do Galo. Dez anos depois, ele colocou o time à venda, após péssima campanha na Divisão de Acesso. Em 2014, uma nova gestão assumiu, mas com desconfiança da torcida, pois o novo presidente tratava-se de David Marcelo Ferreira, o Kadu, que trabalhou com Aurélio. A partir do ano seguinte, as coisas passaram a ficar mais claras e a torcida se uniu (mais) ao clube, com a contratação de Aloísio Chulapa e Alex (2015) e o quase acesso à elite estadual (2016). Em 2017, tudo parecia correr para uma temporada de um novo rumo, mas era ilusão e a sombra de Aurélio Almeida voltou a encostar no clube.
Os novos capítulos da novela “gestão Grêmio Maringá” começou em outubro passado, quando Aurélio Almeida divulgou nota, afirmando que estava retornando ao comando da equipe, o que logo foi rebatido pela “gestão Kadu”. No mês seguinte, no dia 21, Kadu anunciou o ex-zagueiro André Astorga, como diretor de futebol, para iniciar a formulação do elenco e a contratação do treinador.
Quando tudo parecia encaminhado, em 21 de dezembro, a Federação Paranaense de Futebol (FPF) atualizou o nome do presidente do clube no site da entidade, citando como mandatário da agremiação, Aurélio Almeida, que foi recolocado, por uma possível dívida não paga pela “gestão Kadu”.

No mesmo dia, a “gestão Kadu” divulgou nota se mostrando surpresa com a alteração e destacou que tal, viu a torcida ser assustada, com algo que causou “furor e terrorismo”, mas que a situação seria resolvida após recesso judicial e o que o trabalho de montagem do elenco continuava. Ao mesmo tempo, parte da torcida se incomodava com uma certa inércia da gestão ao não tomar medidas mais drásticas quanto a Almeida.
Um dia depois desse burburinho, a “gestão Kadu” anunciou Rafael Andrade, como treinador da equipe, comandante que tem experiência em Divisão de Acesso, já que em 2014 subiu com o Nacional de Rolândia. O elenco começou a ser divulgado, com jogadores diferentes dos últimos anos, com aposta em uma mescla de idade, onde se destacam jogadores como o lateral Diego Fiusa (30 anos) e o artilheiro do Paraense 2016, Jerferson Monte Alegre (22).
Quando tudo parecia se encaminhando para uma temporada planejada e com possibilidades de ter uma nova boa campanha, o bizarro aconteceu, já que a “gestão AA” anunciou Tupãzinho, ex-atacante do Corinthians, como treinador. Sendo assim, oficiosamente, o Grêmio Maringá tinha dois presidentes.

A estratégia de Aurélio Almeida chamou atenção, pois o peso do nome dos dois treinadores é maior para Tupãzinho, que deixou corinthianos locais e a imprensa atentos à contratação. Mídia local, aliás, que pouco discutiu o assunto de fato, com matérias sendo produzidas dos dois lados, mas separadamente. O “Paraná TV – 2ª edição”, da RPC, produziu uma boa matéria sobre o assunto, para ver: clique aqui.
No começo de janeiro, mais exatamente no dia 5, Tupãzinho foi apresentado e, segundo relatos, se mostrou assustado com o que viu durante a apresentação, com a “cisão do clube”. Na semana seguinte, ainda em silêncio sobre o assunto, foi a vez da “gestão Kadu” apresentar o treinador, elenco e informações administrativas da equipe, que contou com a presença de membros da torcida organizada Galo Terror, em apoio a administração dele. A apresentação foi rechaçada pela “gestão AA”, conforme nota abaixo.
Nesse meio tempo, a FPF não se pronunciou sobre o assunto, mas na noite desta quarta-feira (11), a entidade colocou mais um capítulo na novela, com uma nota de esclarecimento, em que, “para a entidade, o presidente do Grêmio Maringá S/S Ltda, é o Sr. Aurélio Almeida. O fato é baseado em documentos apresentados à FPF e nas decisões do Tribunal de Justiça Desportiva do Paraná (TJD-PR) e do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD)”.

Toda essa confusão deverá ter novos capítulos, sendo que a “gestão Kadu” já tratou de acalmar os torcedores e que continuará o trabalho que vem sendo feito. É bem possível, que na tarde desta sexta-feira (13), os dois, Aurélio Almeida e David Marcelo Ferreita, vão até a sede da FPF, para participar do arbitral da Divisão de Acesso, o que será um momento no mínimo pitoresco.
Caso, o leitor queira acompanhar de forma “oficial”, a briga do Grêmio Maringá pode ser acompanhada nas duas páginas no Facebook mantidas pelas duas gestões (gestão Kadu e gestão AA).
De um lado, uma gestão que conta com um técnico, elenco praticamente formado e que já está trabalhando, além de estar na direção nos últimos anos e de outra, uma direção que conta com apenas o treinador confirmado, que ainda busca jogadores no interior paulista (não tem nenhum jogador anunciado) e que agora conta com um parecer favorável da justiça.
Pelos traumas causadas, caso se confirme a gestão Aurélio Almeida, a equipe que tem um nome histórico no futebol estadual perde a chance de rivalizar com o Maringá FC, que também, está na Divisão de Acesso, por parte da torcida que se mantém neutra. Dentro de campo, impossível analisar a situação dos “três times”. O que é muito provável que aconteça é que teremos recursos sobre recursos, para mudar a situação administrativa do clube. Estaremos atentos aos próximos capítulos.
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