Etimoni Timuani, o meu (mais novo) herói olímpico

O que define um atleta ser herói olímpico! Existem mitos, lendas, monstros do esporte que a cada quatro anos aparecessem ou se consolidam. Se você me perguntar para definir esse termo com um atleta, eu te responderei dizendo: Vanderlei Cordeiro de Lima. Todo o conjunto da obra que passou desde o desvairado padre até o acendimento da pira o tornam um exemplo clássico de herói olímpico.

Se o ouro não é garantia de heroísmo, um novo nome se junta a Vanderlei. Ele veio de longe, mas tem uma história que não é todo dia que se vê. Para chegar até o Rio de Janeiro, ele saiu de uma minúscula ilha da Oceania, até Fiji, passou pelos Estados Unidos e Panamá, até chegar ao Brasil. Ele saiu de Tuvalu, ele é Etimoni Timuani, o único atleta da delegação do país a disputar as Olimpíadas Rio 2016.

Ele é único ou foi único, mas sempre será único para esse editor, ou melhor, ele estará ao lado de Vanderlei. O editor enlouqueceu. O fato dele ser da nação com a menor delegação dos Jogos Olímpicos, já seria plausível para deixar algum fã de esporte marcado, porém, ele é mais do que isso.

Tuvalu não é federada à FIFA, apenas a Confederação de Futebol da Oceania, mas isso o que tem a ver com o Atletismo e a prova de 100 metros rasos que participou? Etimoni é um multiatleta. É zagueiro, que disputa a liga nacional local, atualmente pelo Manu Leava. Quer mais? Defendeu a seleção local de futebol nos Jogos do Pacífico em 2011, titular da equipe, que conseguiu uma vitória contra a Samoa Americana e um empate contra Guam, todas seleções FIFA. Já é um conto alternativo, o suprassumo daquilo que buscamos na Série Z, porém a história melhora, ao ver que além de corredor, jogador de futebol, ele também defendeu a seleção de futsal. É muita alternatividade! Em quatro jogos pela Copa da Oceania, ele foi (provavelmente) fixo, em uma campanha sem vitórias e o último lugar entre as oito seleções.

Para quem é adepto do futebol alternativo é um exemplo claro de alguém que devemos admirar. Ele joga futebol em Tuvalu e resolveu ser atleta olímpico. É algo fantástico, mas que não que conta com um roteiro que melhora a cada história.

Timuani começou a treinar e, até mesmo, pensar no atletismo em 2015. Logo, ele foi escalado para participar dos Jogos do Pacífico, para ver o que poderia mostrar, entretanto, queimou a largada e não estreou de fato. O início no atletismo veio em grande estilo, com a participação no Mundial de Pequim 2015, quando marcou 11s72 e se mostrou apto a ser o representante da nação. Obviamente, ele não atingiu o índice olímpico, mas foi convidado a ser o único representante tuvaluano.

Ser o homem-delegação fez com que se tornasse uma das estrelas da Rio 2016. Mas como assim? Alguém chegou a ver reportagens com países que contam com, sei lá, dez atletas? Ser o único, o tornou único. Ainda mais pelo fato da trajetória dele e de Tuvalu ter durado apenas 11s81, o que o deixou ao lado de Richson Simeon, de Ilhas Marshall, o pior tempo entre os que competiram da fase preliminar.

Mesmo com o sonho olímpico, o tuvaluano diz preferir o futebol, já que ele se considera melhor zagueiro do que corredor. Tanto que nas Olimpíadas, até “desdenhou” de Usain Bolt, pois na lista de preferências de quem queria ver, o jamaicano não era o primeiro, mas sim, Neymar, já que o Raio ele já tinha conhecido em Pequim 2015. Neymar é o ídolo dele, enquanto que o zagueiro que ele mais admira é David Luiz. Nem mesmo um herói é perfeito, não é!? Tomara que ele não siga os ensinamentos do zagueiro no 7 a 1 (corneta mode on).

Etimoni Timuani tem todo os motivos para ser um herói olímpico. Um jogador do “futebol alternativo”, que virou corredor, participou de uma Olimpíada no Brasil e era o único atleta de uma nação de 10 mil habitantes. Para sempre, Timuani!

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