Pelo Nacional de Patos e pela acessibilidade

No final de dezembro de 2015, a Série Z contou a história dos clubes paraibanos que conquistaram apenas um título estadual. Dentre estes, o Nacional de Patos. Fui então, até o Youtube procurar um vídeo com os gols da partida final, no dia 13 de maio de 2007. Não encontrei um com apenas os gols, mas o primeiro da pesquisa era um misto de agradecimento e homenagem. Era o de Taciano Wanderley!

Paraibano, nascido em Patos, Taciano naquele dia já tinha motivos para comemorar. Era aniversário dele e dia da aparição de Nossa Senhora de Fátima, da qual é devoto. O futebol foi apenas uma forma de enfrentar as dificuldades. “Vejo isso com simplicidade acho que foi dom de Deus. Imagine: se eu andasse não estaria fazendo esta entrevista”. O nordestino é cadeirante e um grande inventor de projetos que visam a melhora da acessibilidade de pessoas com deficiência que querem fazer o que bem entender, como por exemplo, ver uma partida de futebol em um elevador adaptado.

Há 13 anos, Wanderley queria um espaço reservado para cadeirantes na festa junina do São João. Foi daí que ele idealizou o Camarote Especial 0800, uma estrutura dentro dos critérios de acessibilidade e que visava a inclusão social nos festejos, incluindo um elevador para melhor visibilidade. O espaço é utilizado em outros eventos, como no dia daquela final estadual contra Atlético Cajazeirense. “Não criei o elevador especificamente para a final do Paraibano, mas o adequei ao estádio José Cavalcante por não ter um espaço adaptado para pessoa com deficiência. Naquele momento foi a forma de mostrar a torcida nacionalina que tinha como um torcedor mesmo com limitações fazer parte (da festa)”. Segundo Taciano, a estrutura é completamente segura, funciona com um sistema elétrico, que não incomoda a visibilidade de torcedor algum.

(Foto: Acervo Pessoal/Taciano Wanderley)
(Foto: Acervo Pessoal/Taciano Wanderley)

Durante a campanha, o torcedor se fez presente em vários jogos dentro ou fora de casa. Ele viajava com os amigos em um carro adaptado, que o próprio idealizou. Chegou a levar uma charanga para João Pessoa, em uma partida contra o Botafogo. “Foi um momento único de força e realização”, afirma. Nos jogos em Patos, até hoje, Taciano está lá para torcer pela equipe.

(Foto: Acervo Pessoal/Taciano Wanderley)
(Foto: Acervo Pessoal/Taciano Wanderley)

Além do elevador, o currículo dele conta com 54 motos adaptadas. “Me orgulho desses trabalhos de adaptação, que fazem minha vida e de outras pessoas superarem obstáculos com a realidade da vida que foi dada”. A acessibilidade que ainda é esquecida em certos estádios, como o Amigão, em Campina Grande, onde o próprio Taciano ficou impossibilitado de entrar, pela estrutura apresentada no estádio. Nesse ponto, o futebol reflete a sociedade de uma maneira negativa, com a exclusão de quem apenas quer ter o direito de ir e vir, o direito de assistir a uma partida de futebol.

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