Torcedor de clube pequeno no começo da preparação para o Estadual, independente da divisão, espera pelas informações sobre os jogadores que irão vestir a camisa amada. Geralmente, tem sempre aquela figurinha carimbada que roda o estado e você já o conhece! Mas quando você não o conhece e certos blogs ou páginas do Facebook que são comandadas por torcedores como você abordam as contratações? Aí que mora o perigo!
Torcedor, em regra, é apaixonado, em alguns momentos, tapado e quer que todos ao seu redor acreditem no time, seja com jogadores ruins ou péssimos. Com essa característica, ele enxerga na internet uma oportunidade de poder falar sobre isso e mais, comentar sobre os novos jogadores que a sua equipe contratou.
Por ser popular, esse tipo de torcedor é amigo da diretoria e por todo apoio que dá dentro ou fora do estádio, consegue os nomes desejados para logo divulgar. Até aí tudo certo, mas o desenrolar é perigoso. “Alô torcida cincomilista (entenda aqui), a diretoria acertou os três primeiros reforços: Juninho, Álvaro Camargo e Carlos Garanhuns. O primeiro é zagueiro tem passagens por clubes menores, forte e ágil. O segundo é volante marcador, vem para ser o delegado da nossa defesa e seu último clube era do futebol da Escandinávia. O terceiro será o velocista pela esquerda que estava no outro lado do país, é driblador e vem para ser o xodó da torcida. Todos ótimos reforços”. Fui até generoso, pois muitas vezes os erros de português dominam o texto.
A ladainha se repete durante as semanas com os “ótimos reforços que eu nunca vi atuando”, porém se é o clube que torço, com certeza são bons jogadores, ou melhor, ótimos. O torcedor do outro lado da tela vai lendo tudo aquilo, vê de onde o jogador veio e se empolga. “Vi lá no ‘Cinco Mil Nossa Paixão’ que grandes jogadores foram contratados”. Outros são mais céticos e comentam na fan page. “Nunca ouvi falar. Esse ano é para não cair, desse jeito”. O torcedor comunicador responde no ato. “Oloco, time está muito bem planejado”. Todos guardam as expectativas para vibrar no dia da estreia, em casa.
Na primeira partida, um empate chato, mas “é o primeiro jogo, vamos melhorar”. O campeonato passa e as coisas que acreditaram caíram por terra, não, no gramado mesmo. O tal Juninho que era forte e ágil não consegue “marcar nem ponto em tabela de bingo” (expressão que vi numa das cornetas da page do Brasil de Pelotas)! O delegado da defesa na verdade é terceiro homem do meio campo e mais ataca que defende! O velocista pela esquerda, realmente corre, mas mais do que a bola e o pé não consegue acertar um cruzamento sequer.
Iludidos ficaram os torcedores com todos aqueles adjetivos e com a sensação de que tinham uma grande equipe. Por isso, cuidado com a comunicação, caros amigos torcedores! Ela é uma arma muito boa para informar, mostrar e torcer, mas para iludir, também.
Texto que fez parte da terceira edição da Revista Série Z
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