Cruyff e a alternatividade

*Atualizado em 24 de março de 2019, às 12h08

O mundo do futebol perdeu um dos seus grandes símbolos: Johan Cruyff. O holandês, ídolo do Barcelona e Ajax e líder do grande time nacional de 1974 nos deixou, mas com um legado enorme. Como dito, Cruyff foi um mestre com a camisa do Ajax, onde conquistou três títulos europeus e um mundial e pelo Barcelona, onde conquistou apenas dois títulos como jogador, mas foi responsável por uma grande mudança na filosofia de jogo da equipe quando foi treinador dos blaugranas.

Nas duas equipes europeias, passou quase 15 anos de sua carreira. Até que em 1978, insatisfeito com a diretoria do Barcelona e segundo rumores ser contrário ao regime franquista que não aceitava que jogadores se denominassem catalães, o holandês põe fim a sua (primeira) trajetória na Espanha.

Johan voltou a entrar em campo, apenas no fim daquele ano para jogar um amistoso de homenagem com a camisa do Ajax, onde a equipe levou sonoros 8 a 1 do Bayern Munique. Aos 30 anos, então, ele resolve explorar o lado alternativo do futebol e seguir o mesmo caminho de outras grandes estrelas do futebol, os Estados Unidos.

Os primeiros rumores davam conta que o New York Cosmos seria o clube de destino, – onde ele realizou um jogo-exibição contra uma seleção dos melhores da Copa de 1978 – porém as negociações não avançaram e o Los Angeles Aztecs conseguiu levá-lo à NASL. Naquela temporada, Cruyff estreou com dois gols e durante o decorrer dos outros 22 jogos fez mais 11 e deu 16 assistências. Os Aztecs terminaram na segunda colocação da Divisão Oeste da Conferência Nacional e se classificaram para os play-offs. Nas quartas de final da conferência, duas vitórias sobre o Washington Diplomats (3 x 1 e 4 x 3), mas parou nas semifinais contra o Vancouver Whitecaps, campeão daquela temporada. Mesmo sem o título, se faz presente na seleção da liga e foi escolhido o Jogador Mais Valioso (MVP) da temporada.

O número 14 do tamanho do escudo do LA Aztecs
O número 14 do tamanho do escudo do LA Aztecs

Apesar da boa campanha, Cruyff não continua no Aztecs e acerta com o Diplomats, clube o qual eliminou em 1979. Durante a época, fica com o segundo lugar da Divisão Leste da Conferência Nacional, conquista um vaga na NASL All-Stars, mas não consegue passar do primeiro play-off derrotado duas vezes pelo Seattle Sounders. O Camisa 14 faz 10 gols e 20 assistências em 25 partidas. Ele chega  jogar a temporada 1981 pelo clube, com cinco jogos e dois gols, mas problemas financeiros da equipe fizeram com que não se pudesse pagar a Cruyff, o que havia sido acordado. Johan volta a Europa.

O vermelho e branco deve ter ajudado Cruyff em sua passagem pelo Diplomatics
O vermelho e branco deve ter ajudado Cruyff em sua passagem pelo Diplomats

Os rumores quanto ao novo clube do holandês são variados. Primeiramente, ele aceita participar de um amistoso, defendendo o FC Dordrecht que enfrentou o Chelsea em Stamford Bridge. Da Alemanha, os boatos dizem que o Hamburgo e o Bayern Munique se interessavam, mas o país deixou marcas em Cruyff, pela derrota inesperada de 1974 e ele nem mesmo pensou na hipótese. O Arsenal também se mostrou interessado.

Hoje, líder (e posteriormente, campeão) da Premier League , o Leicester City se empolgou com a possibilidade de tê-lo na equipe, que vinha de ruim campanha na primeira divisão, lutando contra o rebaixamento. Os dirigentes do clube o ofereceram quatro mil libras por jogo, em um contrato de “11 partidas”, após muitos cálculos. A notícia se espalhou no dia 25 de fevereiro de 1981. Jock Wallace, treinador da equipe, já o esperava para o jogo conta o então detentor do título, o Nottingham Forest. O discurso é que o jogador que faltava havia chegado para passar tranquilidade e experiência para o elenco, mas nesse meio tempo, o holandês pousou no aeroporto de Valencia: o Levante era o seu novo clube. O Leicester de Jock empatou com o Forest, 1 a 1 e acabou rebaixado naquela temporada.

O clube valenciano estava na segunda divisão espanhola, com possibilidades reais de acesso, porém o contrato oferecido era mais lucrativo, com pagamento fixo, promoções e participação na receita da bilheteria. “Assinei com o Levante e não me importa que a equipe jogue a segunda divisão. As negociações que mantivemos por um mês foram concluídas de forma satisfatória para todos. É verdade, estar em uma segunda divisão é um pouco estranho para um jogador como eu, mas minha vida não é apenas dinheiro ou prestígio”, citou, ao voltar a Espanha. Johan fez dois gols em dez jogos, números que se justificam por problemas com o treinador da equipe e a má forma devido a lesões que o atrapalharam. Após a estreia, a equipe conquistou apenas duas vitórias e ficou longe do acesso faltando três jogos. Na última partida da equipe, contra o Barakaldo, o holandês estava presente na arquibancada e foi vaiado pelos torcedores das duas equipes. Os valores combinados na negociação não foram pagos no total e Cruyff deixou o Levante em maio de 1981.

O "Barcelona valenciano"! Pelo menos nas cores, Johan pode reviver o Barça
O “Barcelona valenciano”! Pelo menos nas cores, Johan pôde reviver o Barça

Ele retorna a Holanda, onde defendeu o Ajax e o Feyenoord. Treinou o Ajax e o Barcelona, além da seleção da Catalunha. Deixou saudades, claro, para todos, onde foi ídolo renomado e prestigiado, mas também em Los Angeles, Washington e Valencia, onde viveu um pouco do futebol alternativo com sua eterna CAMISA 14!

Lances de Cruyff na passagem pelos Estados Unidos:

Uma resposta para “Cruyff e a alternatividade”

  1. Foi uma grande perda Cryff para o mundo do futebol.Que deus o tenha!

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