A Conmebol alternativa

Matéria de 4 de agosto de 2013, que foi atualizada para publicação na Revista Série Z #1

Aqueles que acompanham futebol sabem: a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) é a instituição que gerencia o futebol sul-americano. Organiza a Copa Libertadores, Copa Sul-Americana, Copa América, Eliminatórias e as competições de base. Mas outra confederação de futebol surgiu no continente: o CSANF.

O CSANF, ou melhor, o Conselho Sul-Americano de Novas Federações é o órgão que gerencia as seleções alternativas da América do Sul. Fundada em 25 de maio de 2007, o conselho tem como propósito a reunião de territórios, povos, comunidades e minorias sul-americanas não reconhecidas ou “excluídas”.

A confederação é a primeira de nível continental a ser filiada a NF-Board (Conselho de seleções não-FIFA). O lema da instituição é “Todos devem jogar!”. O objetivo principal é a promoção da imagem e integração social entre os povos afastados, através do futebol. A missão é promover competições entre os filiados, participação em competições da NF-Board, aproximação com associações mundiais (FIFA, ONU, COI e UNPO).

O CSANF reúne vários critérios para a filiação de seleções, divididos em dois aspectos: membros afiliados e membros especiais. Os afiliados são caracterizados por ter uma federação autônoma, membro ou candidato a membro da Associação Internacional dos Jogos das Ilhas; federações não filiadas a FIFA e que não disputam as competições da entidade e território, comunidade ou nação filiada a outros esportes ou com bandeira e hino próprio. Os especiais são as minorias étnicas com forte presença cultural vivendo em outro país e pequenas comunidades com intenção de compartilhar “laços” esportivos, sociais e culturais com outros membros.

Atualmente, o conselho tem dez filiados, sendo seis afiliados e quatro especiais. Os membros afiliados são o Arquipélago de Juan Fernández (ilha situada no oceano Pacífico, pertencente ao Chile), Aymará (povo aborígine residente no ocidente boliviano e norte chileno), Mapuche (povo nativo sul-americano, residente no sul do Chile e sudoeste da Argentina), Mbya Guaraní (subgrupo do povo guarani encontrados no Paraguai e Argentina), Fernando de Noronha (arquipélago pertencente ao estado do Pernambuco) e Estado de Roraima (filiada a por meio da Federação de Futebol Amador do Estado de Roraima – FEFAER). A Ilha de Páscoa (ilha pertencente ao Chile, localizada na Polinésia), Comunidade Armênia (povo residente na Argentina), República Glaciar (micronação situada nas geleiras chilenas) e Esperanto (idioma artificial falado em vários locais, como na Argentina) são os membros especiais.

Duas seleções são brasileiras, mas segundo Thiago Fernandes Monteiro, representante geral do CSANF no Brasil, o número pode crescer. “Existem mais lugares que têm condições de ter uma seleção, mas que ainda não nos conhecem. O contato inicialmente é feito por nós”. O representante cita que o foco não é bater de frente com as organizações ligadas a FIFA, mas funcionar como uma espécie de ONG, com o intuito de ajudar os povos e territórios a aparecerem usando o futebol como meio.

“Isso não impede que essas equipes se tornem uma seleção FIFA. Nós temos os nossos objetivos e o que acontecer é consequência. O CSANF é uma espécie de sala de espera para que essas regiões futuramente tenham condições de se filiar a Conmebol. Nada impede isso e é um objetivo muito grande para nós”, conta Thiago.

Por enquanto, o CSANF organizou apenas um campeonato próprio, a Copa CSANF 2011, vencida por Juan Fernández. A final foi contra Aymará, empate por 1 a 1 no tempo regulamentar e vitória nos pênaltis por 5 a 4. A última partida chancelada pela entidade foi o confronto entre Esperanto e Comunidade Armênia, em 2014, com vitória dos armênios por 8 a 3. A expectativa é crescer, colocando em evidência o futebol e povos juntos para mostrar o quão importante é essa união.

Uma resposta para “A Conmebol alternativa”

  1. […] Texto cedido por Felipe Augusto, do blog Série Z. […]

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