Texto incluso na reportagem “Meu mundo é o futebol!” que fez parte da primeira edição da Revista Série Z, que pode ser vista abaixo.
Quando criança, em Pato Branco, sudoeste do Paraná, sua mãe o levava até o estádio Os Pioneiros, para acompanhar as partidas do clube local. Esse é Paulo Gregoreki, 32 anos, que apesar de ter convivido em uma família, com torcedores do Grêmio, Internacional e Caxias, se tornou palmeirense. Sua mãe era flamenguista, o que rendeu uma ida ao Maracanã, ao lado dela. “Amo o futebol brasileiro como um todo”, conta. Paulo gosta acima de tudo de futebol.
O paranaense é descendente de polacos e desde criança comungava do desejo de morar em Cracóvia e viu na faculdade, a chance de realizar o sonho. A Polônia foi tema de sua monografia na graduação, ao escrever sobre a comunidade que vivia em Marechal Cândido Rondon. Assim, Gregoreki resolveu fazer o mestrado em sua “terra”.
Quando chegou ao país, o mestrando teve uma obrigação. “Logo que me instalei uma das primeiras coisas que procurei conhecer foram as rotas dos estádios”. Em seu currículo estão os estádios do GKS Katowice, Rozwoj Katowice, Ruch Chorzow, Hutnik Krakow e o seu time, o Wisla Krakow. “Aqui tenho carteira de torcedor e o respeito do clube pela minha pessoa é muito maior. O porteiro me chama pelo nome e sobrenome! Há uma diferença gritante. Quando o Wisla joga é uma sensação diferente”.
Nas suas andanças pelo futebol local, Paulo tem um histórico alternativo. Em Katowice, ele morou até 2014 e lá acompanhou o GKS, clube mais popular, mas preferia o Rozwoj, que estava na terceira divisão. “Ir no estádio do Rozwoj e ver a Terceirona polaca foi sensacional. Gosto muito de jogos assim”. O clube é do bairro de Ligota, uma “quebrada” da cidade, como diz Paulo. Algo chamou a atenção em um dos primeiros contatos com a torcida local. “A coisa mais inusitada que me aconteceu foi quando eu fui até o barzinho do estádio do Rozwoj comprar cerveja e os hooligans (alguns torcedores do clube assim se identificam) perguntaram para mim, se eu era católico. Aqui na Polônia, religião e futebol andam muito próximos. O que as vezes pode ser um problema”.
Agora em Cracóvia, além de ver o Wisla, o “polonês-brasileiro” arrumou um novo time para acompanhar, direto da quarta divisão nacional, o Hutnik Krakow, que é de Nowa Huta, distrito da cidade, mas usa o nome da “metrópole”. A equipe também, segundo Paulo, é de um bairro considerado como uma “quebrada”. “Não é todo mundo que curte e encara ir lá, se meter no meio daquele bairro só para ver futebol. Lá é um bairro industrial, de povo humilde, não é o que sai no cartão postal”.
Seja na “quebrada” do Hutnik ou do Rozwoj, o fato de um brasileiro acompanhar o clube diretamente no estádio causa orgulho nos torcedores locais. “Eles não estão preparados digamos para ter o futebol deles apreciado por brasileiros. Por isso quando te identificam eles te perguntam se você está gostando, agradecem até por você ir ao estádio”. Paulo também sente orgulho, ainda mais por ter visto diretamente do estádio, o acesso do Rozwoj para a segunda divisão. Um brasileiro apaixonado pelo futebol polonês.
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