Rafaela Escalante: “O futebol não tem que ser feito só de homens”

Mais uma daquelas histórias! Rafaela Escalante é acreana e uma fanática pelo Plácido de Castro. Criou até uma torcida para o clube e nela, os membros brincavam que um dia teriam um presidente. E tiveram: a própria Rafaela. Quem comanda o clube agora são duas mulheres, pois Jovelina Melo assumiu o cargo de vice. A administradora conversou com a Série Z sobre o amor pela equipe, a presidência, as mulheres no futebol, a recepção da torcida e os próximos passos.

Quem é Rafaela Escalante?

Rafaela é uma jovem de 25 anos. Formada em administração. Analista Financeira de uma empresa na capital acreana. Nasceu em Plácido de Castro, mas mora em Rio Branco há 8 anos.

Rafaela é fanática e agora presidente do Plácido (Foto: João Paulo Maia/globoesporte.com)
Rafaela é fanática e agora presidente do Plácido (Foto: João Paulo Maia/globoesporte.com)

A paixão pelo futebol vem desde quando?

Sempre

E a paixão pelo Plácido de Castro?

Sempre gostei de esportes. Em 2008, ano em que o Plácido se profissionalizou comecei a acompanhar o time. Já que era da minha cidade, a paixão seria certa. Depois, eu e mais três pessoas, meu namorado e dois primos deles criamos o Fanáticos Plácido. Íamos para todos os jogos do time.

Antes de assumir um cargo oficial, o que a torcedora Rafaela já fez pelo clube?

Somente fui fanática e ainda sou. A paixão só aumenta.

Ser presidente do clube era algo em mente?

Sim. Nós do Fanáticos sempre brincávamos que um dia seríamos presidente. Ou que se ganhássemos na loteria íamos comprar o time (risos)…

Quando o Nerycildo Silva, então presidente anunciou a renúncia, você logo pensou nessa possibilidade de se candidatar?

Não. Nem passava na minha cabeça. Eu brinquei com um membro da diretoria dizendo que um dia seria a presidente. E ele logo falou: ‘Pode ser agora. Vai ser vice’. E me colocou como vice. Mas aí houve a desistência do candidato e me convidaram para ser presidente. Aí disse que aceitaria se escolhesse minha vice: Jovelina Melo.

Sua eleição é um marco para o futebol brasileiro, pois além de você, outra mulher, Jovelina Melo assumiu como vice. Já tem uma noção do quanto isso é (e pode ser) representativo?

Já senti muito isso. O assédio é grande. Muitas pessoas me procuraram de vários estados do Brasil me oferecendo jogadores, comissão técnica. (Perguntaram) Quem era o patrocinador (risos). Muitos surpresos com minha coragem e parabenizando.

A sua vitória pode ser considerada uma vitória da mulher dentro do futebol?

Sim. O futebol não tem que ser feito só de homens. Na administração, por exemplo, as mulheres são mais coerentes. São organizadas. E no futebol já tem muitas mulheres. Eu e minha vice servimos de exemplo. Até para mudar um pouco a cara e a forma de manter as gestões.

Você já teve o primeiro contato com a situação do clube? Se surpreendeu positivamente ou negativamente?

Eu já conhecia a situação do clube. Me surpreendeu algumas atitudes que houve nas administrações passadas, mas a situação é reversível. Só temos que ter apoio e parcerias.

Quais são os primeiros passos a partir de então?

Os primeiros passos a serem feitos é não contrair mais dívidas para o clube. Vamos trabalhar com coerência e responsabilidade. Não queremos gastar o que não temos.

O clube estava sendo dirigido por uma comissão nessa transição e alguns pontos foram definidos como uniforme e a parceria com uma empresa de Goiás que cedeu jogadores. Isso será mantido?

Sim. Nossa parceria será mantida. Pois essa parceria vai nos ajudar muito, pois só vamos precisar manter sete jogadores locais e mais alguns da base. Vamos nos comprometer somente com a alimentação e estadia da parceria. Então as partes vão se ajudar.

Como está sendo a recepção das pessoas do Acre e de fora do estado com a sua eleição?

O assédio é grande e isso é bom. Quanto mais pessoas conhecem minha história e a do clube, melhor pra nós.

Claro que o pensamento nesse momento é a estreia da equipe no Acreano e a situação administrativa da equipe, mas você pensa ou sonha com uma equipe de futebol feminino a médio/longo prazo?

Sim. Vamos trabalhar não só em prol do futebol, mas das outras modalidades também. Somos um clube e devemos trabalhar com responsabilidade e transparência.

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