Grêmio Maringá x URSO: os gritos, a criança e o pai

Noite de quarta-feira. Em Maringá, o tradicional dia da feira livre, ao lado do estádio. Talvez muitos nem perceberam, mas os refletores do Willie Davids estavam ligados, a bola ia rolar. Em campo, Grêmio Maringá e URSO Mundo Novo. Os dois clubes se preparam as competições estaduais de seus respectivos estados.

No dia 30 de agosto, um domingo, as duas equipes começam a luta para subir de divisão. O Grêmio Maringá entra em campo contra o Cambé, fora de casa, às 11 horas, pela Terceira Divisão Paranaense, enquanto que o URSO recebe, às 15 horas, o Maracaju, pela Segunda Divisão Sul-Matogrossense.

Quem foi ao estádio, poucos no caso, tinham uma ponta de esperança de ver Aloísio Chulapa fazer a estreia com a camisa alvinegra, mas não. Segundo um dirigente do clube, o folclórico centroavante está em fase de preparação, ainda. Não foi dessa vez, que a torcida pode “danonizar” a vontade de vê-lo no gramado.

Em campo, variações táticas. Edivaldo Júnior, treinador do Grêmio Maringá escalou a equipe em um 3-5-2, que alguns momentos se tornava um 4-4-2 com um losango no meio-campo. Do lado do URSO, Jandaia Caetano apostou em 4-2-1-3, com variadas trocas de lado no ataque, mas que não surtiram tanto efeito, batendo de frente com o trio de zaga paranaense.

No lado de fora do campo, os treinadores falavam. Ora contra o árbitro, ora com o time. O Grêmio abriu o placar, em chute cruzado de Douglas, aos 15 do primeiro tempo. O jogo melhorou e as faltas aumentaram. Em certo momento, falta dura no ataque do URSO, nada de cartão. Foi aí que Jandaia esbravejou: “O professor, os caras tão dando tesourinha. A gente vem do Mato Grosso do Sul e a várzea é aqui”. O jogo seguiu, um buraco no gramado fez com que Leto saísse de campo por um momento, com dores, retrato da partida, de marcação pesada.

O primeiro tempo terminou e o intervalo foi um espetáculo à parte. O trio de arbitragem se reúne nas cadeiras ao lado do gramado. A resenha? O nível do jogo! Sim. Reclamam dos passes errados, dos “balões” e do muito contato físico. No momento de voltar ao trabalho, um dos bandeiras sentencia: “Vamos!”. O outro responde: “Vamos onde? Vamos para a casa. Estou desde meio-dia fora”. A resposta é um “vamos, caramba” com toda sutileza do momento.

Antes disso, mais um caso. Nas cadeiras, também estavam, pai e filho, amigos dos bandeiras. O filho, na inocência da criança, pergunta ao pai: “Pai, (este jogo) passando na televisão?”. O pai parece não perceber e fala outra coisa. Deixa o filho no vácuo.

A partida recomeça, sem transmissão televisiva, e agora é a vez de Edivaldo Júnior esbravejar: “Não é pelada, caramba”. O jogo segue, o pai de um dos jogadores, o zagueiro Ricardo, segue o jogo ao lado do gramado, junto com o filho mais novo. Nos pedem, com toda humildade, fotos do filho. O filho que deu alegria a ele, ao irmão e a torcida presente. Gol. Aos 18 minutos do segundo tempo, confusão na área e o zagueiro central conferiu, 2 a 0 para o Grêmio. O pai e o garoto alegres, só tiveram que se prevenir de uma bolada que foi em direção a eles. Aliás, estar perto do gramado é sensacional, mas o medo de uma bolada nos óculos novos deste que vos escreve e na câmera deste que fotografou foi evidente.

A partida caminha sem grandes emoções para o final. Com gritos dos treinadores, provocações da torcida maringaense ao lateral do URSO (os laterais, em especial, sofrem no Willie Davids) e o jogo falado dentro de campo, a partida se encerra no meio de uma cidade agitada, porém, sem televisão para documentar, o que o Série Z  pôde conferir. O menino deve ficar alegre, viu com os próprios olhos, o que outros não viram.

Uma resposta para “Grêmio Maringá x URSO: os gritos, a criança e o pai”

  1. Eu estava lá.

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