
“Este ano pretendo fazer um bom campeonato, tanto na competição nacional quanto na Europa League. Assim, tendo mais visibilidade, quem sabe voltar a jogar em um campeonato de ponta como o alemão”. Essas foram as palavras de Sílvio, 30 anos, ao fim da temporada 2014/15. O atacante brasileiro do Wolfsberger AC, clube austríaco, mal sabia que essa chance rapidamente iria acontecer.
No sorteio das preliminares, o Borussia Dortmund apareceu. Talvez a chance dele de mostrar bom futebol, já que muitos alemães devem ter visto o primeiro jogo deste confronto, que terminou 1 a 0 para o Dortmund, fora de casa. O atacante atuou os 90 minutos, mas não conseguiu ajudar no revés.
Sílvio é paranaense. Na Alemanha, presenciou o fanatismo dos torcedores do Union Berlin. Na Suíça, muitas histórias nos quatro clubes por onde passou: Wil 1900, Zurich, Lugano e Lausanne-Sport. Teve que se acostumar com a neve em sua primeira temporada na Europa. Atualmente, é um cidadão paranaense na Áustria.
Confira a história de Sílvio, nesta conversa, que teve com Felipe Augusto, para o Série Z.
Como foi o começo da carreira? Por quais clubes passou no Brasil, antes de ir para a Europa?
Sou paranaense, comecei jogando futsal e futebol de campo, em Maringá (PR) participando de alguns campeonatos para o time da cidade. Foi aí que começou a paixão pelo futebol. Então resolvi ir para Santa Catarina atrás do meu sonho. Depois de curtas passagens por Lages, Criciúma e Figueirense cheguei ao Santos que foi o clube onde aprendi muito nas categorias de base. Depois do Santos tive uma curta passagem no Atlético Sorocaba este que seria meu último clube no Brasil antes de ir pra Europa.
Como foi a ida para a Suíça? Como chegou a proposta?
Através de um ex-treinador do Santos conheci Dino Lamberti e a FPA Agency. Depois de algumas conversas por telefone veio então a proposta para jogar no FC Wil, da Suiça, na época com 21 anos não hesitei e aceitei a proposta. O tempo de adaptação na Suíça e ao futebol demorou aproximadamente um ano e meio depois. Com o domínio da língua local facilitou muito, até na hora de jogar futebol. É um país com excelente qualidade de vida, o que facilita a adaptação de qualquer pessoa.
Imaginava ficar por tanto tempo na Suíça?
Não imaginei ficar tanto tempo na Suíça, por que como jogador sempre queremos melhorar e jogar nos melhores campeonatos europeus, mas fiquei o tempo o suficiente para amadurecer e chegar a um campeonato de um outro nível.
Após o futebol suíço, você acertou com o futebol alemão? Viu muitas diferenças no futebol?

Depois de cinco anos e meio na Suíça acertei com o Union Berlin da Alemanha. O futebol alemão tem algumas diferenças em comparação ao futebol suíço. Na Alemanha é mais intensivo, mais tático. A média de público na Alemanha também é maior. A Suíça por ser um país pequeno tem uma média de público até boa, mas os alemães são mais fanáticos.
O Union Berlin é conhecido por ter uma torcida inflamada e crítica com questões do futebol moderno. O quanto, “ela” era importante para você dentro de campo?

A torcida do Union Berlin é realmente diferenciada das demais, não são torcedores de momento, amam o clube e a equipe. Cantam do começo ao fim da partida. Me lembro até de uma situação na minha primeira temporada pelo clube, apesar de termos feito um bom campeonato, tivemos algumas derrotas, uma dessas foi um decepcionante 4 a 0 em casa. No final da partida aconteceu algo que eu nunca tinha visto! No final de todas as partidas em casa, dávamos uma volta no campo agradecendo aos torcedores pela presença. Foi aí que eles começaram a aplaudir o time não ironicamente, mas nos motivando para próxima partida e para estarmos com a cabeça erguida que eles estariam com a gente. Isso realmente nos dava uma motivação maior para a próxima partida.
Seu atual clube é Wolfsberger AC, da Aústria. Como é a estrutura da entidade. Como é a relação com torcida e a cidade?
O Wolfsberger AC é um clube que que está há pouco tempo na primeira divisão. O clube vem trabalhando bastante para melhorar a sua estrutura, e os primeiros resultados positivos já estão sendo colhidos, como a qualificação para a Europa League. Com a participação em um campeonato internacional, o futebol ficará mais popular na região.
Na temporada 2014/15, o clube foi a “pedra no sapato” do Red Bull Salzburg. Em três jogos foram, duas vitórias do Wolfsberger e um empate. Qual o segredo?
Na última temporada começamos muito bem o campeonato e na 9° rodada através de uma vitória sobre o Red Bull Salzburg assumimos a liderença. No decorrer do campeonato tivemos uma recaída o que nos impediu de brigarmos pelo título nas últimas rodadas, mas a nossa balança contra o Salzburgo neste campeonato foi muito positiva. Soubemos defender muito bem e nos contra-ataques marcamos os gols. O segredo foi acreditar na vitória e procurar fazer uma boa partida!

Que histórias você tem sobre a sua estadia na Europa? Seja dificuldades ou contos engraçados?
Quando cheguei na Suíça, como era tudo diferente do Brasil, a gente passa por algumas dificuldades que no final acaba virando contos engraçados. Como meu primeiro treinamento na neve, nevava muito e flocos de neve entravam nos meus olhos ou pelo nariz dificultando assim a respiração quando não se está acostumado, não é facíl. Ou até mesmo comer spaghetti durante um mês por não saber pedir outra coisa em alemão (risos).
Deixe uma resposta