Goiatuba: do filho para o pai, o grande título!

“Desbancamos a capital”, é assim que João Paulo Vilarinho, hoje com 30 anos se refere ao título goiano do Goiatuba em 1992. Também pudera, foram 25 anos de espera para que um clube do interior goiano se sagrasse campeão estadual. O CRAC, em 1967, foi o último, antes do Azulão do Sul, a quebrar a hegemonia goianiense. Até aquele ano, além dos dois citados, apenas o Anápolis, em 1965, também havia conquistado o título. O fato foi tão comemorado, que Orlando Lelê, treinador da equipe campeão, disse. “Jogamos água no chope deles”.

Foi um campeonato longo. Começou em julho e terminou em dezembro. Eram 16 clubes que na primeira fase jogavam entre si em dois turnos. Foram 30 jogos na primeira fase! Na segunda fase, um quadrangular, com um início preocupante do clube, porém com três vitórias nas últimas rodadas e assim a vaga no quadrangular final chegou, composto pelo trio da capital: Goiás, Vila Nova e Atlético; e o “intruso” do interior, o Goiatuba.

A campanha no quadrangular final foi perfeita, com vitórias em todos os seis jogos. João Paulo tinha sete anos. Ele não se lembra exatamente em quantos jogos foi ao Divino Garcia Rosa. Segundo ele, entre seis ou sete. Nos dois jogos mais importantes daquela caminhada, contra Atlético e Vila Nova, ele estava lá e se recorda bem.

No jogo contra o Atlético, pela quarta rodada, o Divino Garcia Rosa estava lotado e um lance transformou a atmosfera do estádio. “O Goiatuba pressionou o Atlético de maneira absurda durante todo o segundo tempo. E o Atlético só dando ‘bago’ pros lados. Até que aos 41 minutos do segundo tempo, num chuveirinho pra área e um bate e rebate interminável, o Pirata chutou meio errado, a bola ia sair, mas bateu no joelho do zagueiro atleticano André e a bola foi morrer de mansinho na rede. O estádio foi abaixo!”

“O mito! Camisa 10!” Me lembro que soltaram na imprensa que ele já tinha contrato com o Goiás, para desestabilizar o time”, esse era Estrela, o ídolo daquele menino. Foi então que ele desestabilizou os adversários da capital no quadrangular final, mas principalmente, no jogo do título, contra o Vila Nova. “Naquela noite, o Estrela foi Zico! Ele acabou com a defesa do Vila Nova. E ali, o Azulão do Sul sagrou-se campeão goiano de 1992”, lembra João Paulo, que tomado pela emoção, chorou ao ver o segundo gol.

Foi assim, que Marolla; Claúdio, Reinaldo, Edvaldo Costa e Jorge Luís; Fernando, Cachola e Estrela; Lenílson, Pirata e Tornado, comandados por Orlando Lelê quebraram um tabu, em plena capital, que foi invadida por cerca de 800 goiatubenses.

Ao lado de João Paulo, nesse e em todos os jogos, seu pai, Márcio Vilarinho, companheiro de estádio. Ele relembra emocionado um momento em especial, após o segundo gol da “final”. “(Depois do gol) ele foi lá perto da torcida e bateu no braço gritando: Aqui tem raça! Aqui tem raça! Nunca me esqueci disso! Daí perguntei para ele, o que era raça.” O pai então respondeu: “Raça é o que o jogador tem que ter para fazer o time ganhar”. Márcio que um ano depois, morreu.

Do pai para o filho, do filho para o pai!

Este slideshow necessita de JavaScript.

Curiosidades da campanha

  • A campanha do Goiatuba contou com 42 jogos, 21 vitórias, 15 empates, seis derrotas, 69 gols pró e 37 contra.
  • O atacante Pirata foi o artilheiro da equipe com 16 gols (a edição Campeões 1992, da Revista Placar cita que foram 15), seguido pelo zagueiro Bilzão, com 14.

  • O goleiro titular da equipe, era o reconhecido Marolla, que antes do Goiatuba, passou pelo Santos.

GO - GOIATUBA -- CARTÃO

Uma resposta para “Goiatuba: do filho para o pai, o grande título!”

  1. Tá na hora do Goiatuba voltar. Como gostaria de ter visto esse time na segundona do Brasileiro.

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre Revista Série Z

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading