Era 2011, o futebol russo passava por uma reformulação, com a adequação ao calendário europeu. No meio de tudo isso, o Brasil conheceu um clube de nome esquisito que de repente contratou três jogadores de nome. Era o Anzhi Makhachkala que acabara de anunciar o lateral Roberto Carlos, o volante Jucilei e, posteriormente, o atacante Diego Tardelli.
Comandado pelas cifras bilionários de Suleiman Kerimov, o Anzhi subiu de patamar. O clube é símbolo do Daguestão, o bilionário Kerimov nasceu lá e recebeu o clube das mãos de governo com a missão de colocá-lo no mapa do futebol russo.
Após o trio de brasileiros, outros bons nomes foram contratados: o zagueiro Samba, os meias Boussoufa e Dzsudzsák e o atacante Jan Holenda. Uma boa leva de atletas para alcançar a Liga Europa.
Na mesma temporada, o Anzhi aprontou mais uma vez: anunciou Samuel Eto’o. O atacante camaronês chegou com um salário de 20 milhões de euros anuais, mas ele nunca disse que foi por isso. Segundo ele, a aventura e a possibilidade de subir o Anzhi de status foi o que motivou sua ida para uma das regiões mais perigosas do mundo.
A temporada 2012/13 marcava um novo momento, o Anzhi já visionava títulos e participações expressivas na Europa. Bons nomes russos foram contratados, com destaque para o selecionável Yuri Zhirkov, o “coringa esquerda”, que trouxe algo que faltava para o elenco, um grande jogador local. Além disso, o volante Lass Diarra saiu do Real Madrid para pousar em Makhachkala, um reforço considerável, mas não comparável com o anúncio de Willian, meia do Shakhtar Donetsk.
Na primeira metade do campeonato, boa campanha alternando entre segundo e terceiro lugar. Após a parada obrigatória em razão do inverno rigoroso, o clube desandou a tropeçar e acabou longe da briga pelo título que era muito possível ser alcançado. Na Liga Europa fez boa campanha, sendo eliminado nas oitavas-de-final.
Por pouco o clube não alcançou o título da Copa da Rússia perdendo a taça nos pênaltis. A final foi contra o CSKA Moskow, no tempo normal, empate por 1 a 1. Nas penalidades, os moscovitas venceram por 4 a 3.
Tudo era lindo, o Anzhi contratava Denisov, o capitão da seleção russa, e a nova temporada chegava. Jornalistas esportivos já apontavam o grande favorito. Sim, era o Anzhi que finalmente podia dizer com todas as letras: “Sou favorito ao título”.
E era. Sim, era. O sonho acabou, o dinheiro parou de entrar e os dois pontos nas primeiras quatro rodadas da liga fizeram com que Suleiman decidisse pôr o elenco em liquidação. Cortar gastos foi a nova tendência no Daguestão. O bilionário está “menos bilionário” e decidiu tirar o time de campo, literalmente.
O “saldão daguestanês” já começou, o “novo rico” Dynamo Moskow já tirou três russos do clube: Kokorin, Denisov e Zhirkov. O Lokomotiv anunciou Boussoufa e o Zenit rejuvenesce seu elenco com Shatov, de 23 anos. Cinco nomes já saíram e as especulações são grandes, competem atualmente com as novelas de Bale, Suárez e Rooney no mercado de transferências.
Entre os brasileiros, as especulações estão em cima de Willian. O futebol inglês parece ser o caminho, com cinco clubes sendo especulados; Liverpool, Manchester City, Manchester United, Chelsea e Tottenham. Não há a possibilidade de nenhum dos brasileiros voltarem para o Brasil, devido ao fechamento do mercado.
Eto’o, assim como Willian também está na mídia. Seu nome é ligado ao Chelsea, Internazionale e Napoli. Os outros “notáveis” do elenco também já procuram novos clubes. Samba pode ir para o Arsenal. Lass Diarra pode parar no Zenit, Lokomotiv, Arsenal, Chelsea ou Paris Saint-Germain. O grandalhão Lacina Traoré tem seu nome cogitado no Napoli.
E isso tudo vai resultar em um final (in)esperado e a volta do Anzhi ao status de clube pequeno, que não terá mais o respeito que lhe foi alcançado. A lógica do futebol globalizado não terminou bem para o Anzhi, o ex-novo-rico da Europa.
Deixe uma resposta